Estadão - 15/10/2009
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva demonstrou ontem que não tem esperanças numa chapa encabeçada pela ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, com o deputado Ciro Gomes (PSB) na vice. "Adoro os dois, mas parece que eles têm uma vocação solo", disse após ser indagado se gostava deles. A vice de Dilma é disputada pelo PMDB, que tem dois candidatos: o presidente da Câmara, Michel Temer, e o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles.
A declaração de Lula foi feita durante entrevista, quando ele vistoriava as obras de recuperação, contenção de erosões e dragagem da parte assoreada do Rio São Francisco, em Barra, no oeste da Bahia. No momento em que o presidente deu a resposta, Ciro abraçou Dilma.
Para ele, Ciro e Dilma formam uma dupla de atacantes. Um é meia esquerda e o outro é ponta esquerda, na sua costumeira comparação com o futebol. "Adoro os dois e vamos ver o que vai acontecer", disse.
Durante a viagem no avião presidencial, Lula, Dilma e Ciro conversaram muito, de acordo com a informação de um auxiliar do presidente. Chegaram a falar de cenários eleitorais para o ano que vem - ambos são candidatos à sucessão de Lula -, mas em nenhum momento houve qualquer tentativa de esboço de um acordo entre eles.
Ciro considera que a aliança em torno de Lula precisa ter mais de um candidato a presidente. Lula é contra e tem insistido em fechar acordo em torno de Dilma. Mas as pretensões do presidente não têm dado certo.
O PV - que faz parte da base de sustentação do governo no Congresso - também deve lançar a candidatura da senadora Marina Silva, do Acre, para disputar a Presidência em 2010.
PALANQUE
Questionado se tinha levado a ministra para um périplo de três dias pelas obras da transposição do São Francisco para lhe dar um palanque e a apresentar aos eleitores do Nordeste, Lula desconversou.
"Convidei o companheiro Ciro Gomes para vir aqui por uma questão de respeito, por ele ser um homem que foi o grande elaborador do projeto, que brigou pelo projeto", declarou o presidente. "E trouxe a companheira Dilma. Também iria trazer o companheiro José Alencar, se ele estivesse bem de saúde, porque numa obra dessas a gente não pensa em fazer lançamento de candidatura, até porque a eleição está muito longe."
Lula afirmou que ao visitar as obras do Rio São Francisco acompanhado de Dilma e Ciro, além do governador da Bahia, Jaques Wagner (PT), e do ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima (PMDB) - que pretende concorrer ao governo baiano - quis "apenas dizer ao povo que a obra vai acontecer de verdade". Ele acrescentou: "As pessoas serão beneficiárias de uma obra gigantesca, que necessitou de muita coragem para ser feita." De qualquer forma, lá estavam dois pretendentes à Presidência e dois candidatos ao governo da Bahia. J.D.
http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20091015/not_imp450838,0.php
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