8 de abr. de 2010

Virgílio embarga a voz ao falar de ditadura e critica Dilma

MÁRCIO FALCÃO
da Sucursal de Brasília

Ao questionar o ministro Paulo Vannucchi (Secretaria Especial de Direitos Humanos) sobre a criação da Comissão da Verdade, o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), se emocionou e lembrou que sua casa chegou a ser invadida por militares.

Com a voz embargada, Virgílio ainda criticou a ideia da criação da Comissão da Verdade para examinar violações de direitos humanos durante o regime militar e faz parte do 3º Plano Nacional de Direitos Humanos. Virgilio disse que não guarda rancor do regime militar, mas que chegou a ter sua casa invadida.

"Minha casa foi invadida e minha mãe foi obrigada a cantar o hino nacional de costas para a parede para mostrar que não éramos comunistas. Eu já era comunista naquela ocasião", afirmou.

Segundo Virgílio, ao invés de criar a Comissão de Verdade, o governo deveria colocar uma pedra nesse assunto. "Estou aqui para propor de se por uma pedra em cima disso.Não há porque abrir essas feridas. Não cabe isso, fazer uma comissão. Isso não é justo com os militares e os atuais dirigentes que não tem nada a ver. Peço a vossa excelência a nobreza de também perdoar, de também esquecer", afirmou.

Dilma

Virgílio criticou a atuação da presidenciável do PT, Dilma Rousseff, na luta contra a ditadura militar. Segundo Virgílio, Dilma assumiu uma postura equivocada para tentar derrubar o regime militar.

O tucano ainda reiterou as críticas do comando do PSDB à visita de Dilma nesta semana ao túmulo do ex-presidente Tancredo Neves, liderança política do período de transição.

"Ela não é bandida, mas lutou de maneira errada contra a ditadura. Chegamos ao cúmulo de ir ao colégio eleitoral prestar homenagem a Tancredo. Espero que tenha sido uma demonstração de autocrítica e não de eleitorismo", disse.

Vannucchi reagiu à crítica do tucano. "Equivocadas ou não, as ações [armadas] contra o regime fizeram parte de um processo amplo. [...] Eu tenho orgulho de ter feito parte de uma juventude atuante", disse.

Dilma rebateu ontem a nota divulgada pelo PSDB, PPS e DEM, opositores do governo, criticando a homenagem ao Tancredo Neves. Disse que "nenhum homem público é propriedade de nenhum partido".

"Acho surpreendente porque nenhum homem público no Brasil é propriedade de nenhum partido. O fato de a gente respeitar o Tancredo Neves... Ele foi brasileiro eleito presidente da República e, infelizmente, não pode governar. Ele não era propriamente nem do PT e nem do PSDB, era do PMDB", disse.

E acrescentou: "Podemos perfeitamente ser do PT e respeitar o Tancredo Neves, até porque hoje ele é um patrimônio do Brasil".

http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u718009.shtml

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