7 de abr. de 2010

Marina faz giro pelo NE para se contrapor a transposição de rio

EDUARDO SCOLESE
da Folha de S.Paulo, em Brasília

Pré-candidata a presidente pelo PV, a senadora Marina Silva prepara um giro pela região mais seca do país para marcar posição contra a ideia de que a transposição do rio São Francisco resolverá o problema da falta d'água dos nordestinos.

A obra de transposição, orçada em R$ 5,5 bilhões, é um dos carros-chefes do governo Lula e uma das vitrines da candidatura petista de Dilma Rousseff.

A meta é inaugurar ainda neste ano um dos dois canais do projeto, vendido pela propaganda oficial como a solução para a oferta de água, até 2025, para Pernambuco, Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte.

A viagem, prevista para maio, deve incluir o interior do Rio Grande do Norte e o sul do Ceará, em especial o Cariri.

Enquanto ministra do Meio Ambiente, Marina nunca se posicionou diretamente contra o projeto, já que a abertura dos canais dependia de licenças do Ibama, subordinado à sua pasta -ela sempre disse que não havia, do ponto de vista ambiental, motivos para condená-lo.

Porém Marina não vê na transposição uma solução imediata para a falta de água no Nordeste. Para ela, a obra depende de um processo completo de revitalização do rio.

"A visita é importante para valorizar esse debate", afirma o ex-deputado federal Luciano Zica (PV-SP), um dos coordenadores da campanha.

Na região, Marina apresentará propostas alternativas, como de dessalinização da água retirada de poços artesianos (imprópria para beber), além de bater na tecla da revitalização.

A visita da acriana também é uma forma de afago ideológico ao PV, já que a região seria uma das mais afetadas pelo aquecimento global. "Estão no centro da atenção do partido a savanização da Amazônia, as chuvas no centro-sul e a desertificação do semiárido", diz o vereador carioca Alfredo Sirkis, outro coordenador da campanha.

No semiárido, Marina se posicionará sobre Bolsa Família e a geração de emprego.

Ontem, em seminário no Senado sobre mudanças na legislação ambiental, a pré-candidata afirmou desconhecer a real participação do governo Lula no avanço de projetos que afrouxam as regras de preservação. "Infelizmente isso acontece com a anuência ou com a omissão do governo federal."

http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u717306.shtml

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