9 de abr. de 2010

PCdoB faz festa para Dilma, mas aliança enfrenta dificuldades em três Estados

Valor

Caio Junqueira, de Brasília

O evento que oficializou o apoio do PCdoB à candidata do PT a presidente, Dilma Rousseff, tornou-se palco para novos ataques da petista aos tucanos e para que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendesse abertamente a candidata à sua sucessão. O presidente também disse ser favorável à realização, a partir de 2011, de uma reforma política como meio de "fazer parar com que os tribunais decidam o destino dos partidos".

"O PT está lhes dando uma candidata que, vocês podem ter certeza, tem lealdade e muita competência. Hoje não tem ninguém no Brasil mais preparado do ponto de vista técnico do que essa jovem senhora, a futura presidente da República Dilma Rousseff", afirmou Lula, para quem "a Dilma vai chegar à Presidência com o orgulho de um país que é credor do FMI".
O presidente aconselhou a candidata a ficar tranquila em relação à aliança com o PCdoB: "Todos que estão aqui sempre foram leais. E certamente vão ter uma candidata muito mais simpática e bonita do que o Lula foi nas eleições que disputou."

O presidente lembrou que precisa ter cautela para não ser novamente multado pela Justiça Eleitoral. "Tenho que tomar cuidado nas palavras porque sou às vezes multado. Não posso transgredir. Vou falar sem citar nome de ninguém. Precisamos fazer com que o projeto que recuperou o país continue para que possamos fazer mais e melhor por muito tempo neste país."
O presidente criticou o Judiciário ao defender a realização de uma reforma política. "Vamos enfrentar esse debate fazer a reforma política. Não podemos ficar subordinados a que, a cada eleição, o juiz diga o que pode e o que não pode fazer."

Dilma, que foi recebida no evento pelos cantores Martinho da Vila, Leci Brandão e Netinho de Paula, fez um discurso com ataques aos tucanos: "Só pode construir o futuro quem soube lutar no passado, quem construiu o passado, e quem tem novas ideias. Essa é a aliança da esperança, da certeza de que sempre é possível fazer mais e da convicção de que é possível continuar mudando o Brasil."

Voltou a dizer que a oposição é formada por lobos em peles de cordeiro e, em uma crítica velada ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, disse que não se pode cair na tentação do "charme traiçoeiro de um falso liberalismo que se contenta com a liberalização de uma droga como o crack".
Apesar da oficialização da aliança, os dois partidos têm pendências a serem resolvidas em três Estados: Amazonas, Maranhão e São Paulo.
No Amazonas, o PCdoB trabalha por uma vaga na chapa ao Senado para a deputada federal Vanessa Grazziotin, ao lado do governador Eduardo Braga (PMDB), que termina seu mandato e também tentará o Senado. As eleições no Estado são consideradas uma "obsessão" pelo Palácio do Planalto e pelo PT, que gostariam de ter uma chapa que dificultasse as chances de reeleição do senador Arthur Virgílio (PSDB). Virgílio foi dos mais agressivos opositores de Lula no Congresso Nacional.

No Maranhão, onde o PT local, por dois votos de diferença, decidiu apoiar o deputado Flávio Dino (PCdoB) para o governo, é preciso apaziguar um dos principais aliados de Lula, o presidente do Senado, José Sarney (PMDB), cuja filha, a atual governadora, Roseana Sarney (PMDB), tentará a reeleição.

Em São Paulo, a expectativa petista é fazer o cantor e vereador Netinho de Paula (PCdoB) desistir da candidatura ao Senado. Em quarto lugar nas pesquisas eleitorais, com 19% das intenções de voto, aparece atrás apenas de veteranos da política, como a ex-prefeita de São Paulo Marta Suplicy (PT), com 43%, o senador Romeu Tuma (PTB), com 25% e o ex-governador Orestes Quércia (PMDB), com 22%.

O PT, porém, quer trazer para a coligação do candidato ao governo Aloizio Mercadante (PT) o PSB, fazendo os socialistas desistirem da candidatura de Paulo Skaf ao governo. A moeda de troca seria oferecer a vaga ao Senado ao vereador Gabriel Chalita, tucano histórico recém filiado ao PSB. Ele tem 8% das intenções de voto. "Não podemos desconsiderar a hipótese de o PSB ficar conosco na chapa", disse Dutra ontem.

http://www.valoronline.com.br/?impresso/politica/99/6200501/pcdob-faz-festa-para-dilma,-mas-alianca-enfrenta-dificuldades-em-tres-estados

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