Correio Braziliense
Criticado pelos rivais na corrida presidencial em função da onda de violência no fim de semana, ex-governador paulista enxerga uma tendência decrescente do crime na capital
Daniela Almeida
São Paulo – As ações de violência que ocorreram no fim de semana na capital paulista renderam munição aos rivais do candidato do PSDB e ex-governador de São Paulo, José Serra. O tucano, que passou a tarde de ontem em caminhada no bairro da Liberdade, reduto da comunidade oriental na região central da cidade, defendeu o governo estadual das críticas em relação à segurança tecidas pelas presidenciáveis Marina Silva (PV) e Dilma Rousseff. Serra se desincompatibilizou do cargo de chefe do executivo em abril para concorrer às eleições.
“Os dados recentes em São Paulo mostram a continuidade da melhora das condições de segurança, o que teve início no fim da década passada com o Covas, prosseguiu de maneira firme e impressionante no governo Alckmin e mantivemos no nosso governo. Portanto, o trabalho aqui da segurança vem se desenvolvendo com firmeza”, afirmou Serra.
Segundo o candidato, há uma “tendência decrescente do crime” no estado. Serra citou dados divulgados recentemente pela Secretaria da Segurança Pública de São Paulo, afirmando que os homicídios caíram para um índice de 10,69 para cada 100 mil habitantes. De acordo com a secretaria, os homicídios caíram 70% desde 1999, quando essa taxa era de 35,27 por 100 mil habitantes. A Organização Mundial da Saúde (OMS), no entanto, considera que a violência é “epidêmica” quando o índice está acima de dez.
Durante o fim de semana, uma onda de crimes semelhantes aos ataques feitos pelo Primeiro Comando da Capital (PCC), em 2006, aconteceu na capital paulista. No sábado, o tenente-coronel da Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota), Paulo Telhada, sofreu um atentado. Na sequência, criminosos atacaram o quartel da corporação na cidade, incendiando carros estacionados em ruas ou no pátio que recebe carros apreendidos pela polícia na Zona Leste da cidade. O governo, porém, evitou fazer ligação dos episódios com o crime organizado.
Morros
Em agenda, ontem, no Rio de Janeiro, a ex-ministra Dilma lamentou as ações criminosas ocorridas no fim de semana em São Paulo e sugeriu falhas na política carcerária do estado, base do adversário tucano. A petista usou ainda o Rio como exemplo e classificou ações realizadas pelo governador Sérgio Cabral Filho (PMDB), candidato à reeleição na capital fluminense, como boas medidas de segurança pública.
“Temos aqui no Rio uma política que deu muito certo. Não que ela acabe com a violência, mas dificulta extremamente o crime organizado, que foi a transferência de presos para presídios de segurança máxima (federal)”, disse. Além de ressaltar a importância do isolamento de presos perigosos, Dilma destacou a construção das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), braço policial que atua nos morros cariocas.
Também em compromissos no estado, Marina afirmou ontem, em Jundiaí (SP), que São Paulo passa por “problemas de descontrole” na área da segurança pública. “Tenho insistido que precisamos fazer uma reforma da segurança. Mesmo estados como São Paulo, que tem 20 anos do mesmo governo e é o estado mais rico, paga um dos piores pisos aos policiais. E temos problemas de descontrole com a segurança, como vimos aqui”, afirmou, em referência aos ataques.
Gabeira ameaça “banana” a aliados
Candidato ao governo do Rio de Janeiro, o deputado federal Fernando Gabeira, do PV, exacerbou ontem sua indignação contra os partidos de sua coligação. Ele afirmou que PSDB, PPS e DEM o “apoiam muito mal”. Aborrecido com a situação, Gabeira comentou que não descarta “dar uma banana” aos aliados se assim julgar necessário em algum ponto da corrida eleitoral. Na última sondagem do Ibope, Gabeira aparece com 14% das intenções de voto, muito atrás de Sérgio Cabral (PMDB), candidato a reeleição, que soma 58%.
http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia182/2010/08/03/politica,i=205709/PARA+SERRA+SEGURANCA+PAULISTA+MOSTRA+FIRMEZA.shtml
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