Em visita ao iG, senador diz que Dilma alcançou o patamar tradicional de votação do PT, o que era "previsível"
Nara Alves, iG São Paulo
O presidente nacional do PSDB e coordenador geral da campanha presidencial tucana, senador Sérgio Guerra (PE), minimizou o significado das últimas pesquisas de intenção de voto e garante que seu candidato ao Palácio do Planalto, José Serra, conseguirá reverter nos próximos meses a tendência de alta da rival Dilma Rousseff (PT).
Segundo Guerra, Dilma alcançou o patamar tradicional de votação do PT, o que era "absolutamente previsível". "A Dilma era desconhecida, o Serra era conhecido. Ela tinha um imenso espaço para crescer e teve a estrutura do governo federal", afirma. Segundo o senador, há um processo que "subestima" a inteligência do povo, que concentra todo o esforço para "mostrar que Dilma é Lula, Lula é Dilma". "Neste momento, sem a campanha de televisão, a Dilma está patinando, com um crescimento muito moderado, mínimo", disse.
“A população cada vez menos se liga na eleição. E se liga por menos tempo”, disse Guerra, em visita à redação do iG na capital paulista nesta segunda-feira. “As campanhas estão ainda no espaço, não estão na realidade”, acrescentou.
A disputa, disse o tucano, só terá inicio de fato nas próximas semanas, puxada pelo início da propaganda eleitoral no rádio e na televisão. Evitando antecipar o conteúdo dos programas tucanos, Guerra garantiu que o partido não esconderá o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso na televisão. "Fernando Henrique vai participar quantas vezes forem necessárias", disse.
Guerra minimizou, por exemplo, o fato de Serra não aparecer com destaque no material de campanha de alguns dos candidatos do PSDB e aliados nos Estados. Diz que este é apenas uma característica natural das disputas regionais. “É da cultura da política regional. A prioridade são as eleições estaduais, de baixo para cima”, afirmou. “Não significa traição”, disse. Guerra disse que, da mesma forma, Dilma não tem recebido de destaque no material de campanha de alguns de seus candidatos. “Vejo o Lula, mas não vi cartazes com a Dilma”, disse.
Quesito simpatia de Serra
Ao falar sobre as características de Serra e do ex-governador Geraldo Alckmin, candidato ao Planalto em 2006, Guerra diz que cada um tem seus atributos. Alckmin, diz ele, é “extremamente fácil e está sempre disponível, tem uma grande capacidade de agradar”. Serra, diz ele, possui “imensa capacidade de discussão”. “A população já avalia isso. Temos uma, duas, dez pesquisas que mostram que Serra se confirma com atributos importantes para presidente da República, da mesma forma que Dilma não confirma isso, ao contrário, muitas vezes nega esses atributos.”
Guerra evita endossar a tese de que Serra sai em prejuízo no quesito simpatia. “Essa coisa de dizer que Serra não é simpático, eu não concordo”, afirma o tucano. “Não vou chamar de Serrinha Paz e Amor como fizeram com o Lula”, emendou, em referência à mudança de tom do discurso de Lula na eleição de 2002.
Apelar para "razão" na TV
Segundo o senador Sérgio Guerra, o “programa de José Serra vai apelar à razão do povo”. Segundo ele, o PSDB irá desmentir boatos, fará comparações com a rival petista, Dilma Rousseff, e abordará temas considerados incômodos ao governo. A propaganda eleitoral na televisão terá início no próximo dia 17 de agosto. “Queremos apelar à razão do povo. Quem vai querer apelar à emoção são eles porque eles não têm argumentos”, diz. O senador afirmou que o programa tucano não fará um “combate ofensivo”.
Assim como vem ocorrendo nas declarações públicas de Serra e lideranças tucanas, o discurso na TV deverá evitar a impressão de ruptura. “Não tem aquela coisa: eu sou a favor dos pobres, você é a favor dos ricos. Eu quero continuar, você quer mudar”, afirmou. “Vamos mostrar que o Lula, o Fernando Henrique, com tentativas, erros e acertos, levaram o Brasil até determinado ponto. E vamos propor alguém que possa fazer mais”, completou.
O PSDB deverá aproveitar o programa para reforçar que deverão continuar e ampliar o programa Bolsa Família. “Vamos desmentir boatos, como o de acabar com o Bolsa Família”, diz Guerra. O mesmo serve para os chamados “boatos” sobre privatizações de bancos.
Críticas à Marina Silva
Sérgio Guerra atacou a política ambiental do governo Lula e cobrou a presidenciável pelo PV, Marina Silva, por propostas voltadas a questões do meio ambiente, como a preservação do litoral nordestino. “Eu não vi a Marina falar sobre isso, por exemplo (...) A teoria dela sobre meio ambiente está muito nas estrelas”, afirmou Guerra.
Além de criticar a candidata verde, Guerra afirmou que todos os projetos no Nordeste, como a construção de uma refinaria, a ferrovia Transnordestina, a duplicação da BR-101 e a transposição do rio São Francisco agridem o meio ambiente. “Políticas para proteção do meio ambiente não existem”, disse. Para ele, a transposição “é um projeto cheio de defeitos, uma acomodação de projetos privados, de interesse de empresas de construção”.
Guerra também aproveitou para alfinetar a rival petista, Dilma Rousseff. “Em duas horas eu vi a obra (de transposição do rio São Francisco). A Dilma ficou lá dois dias com comida que vinha dos melhores restaurantes de Recife”, disse.
(Colaboraram Clarissa Oliveira e Tales Faria)
http://ultimosegundo.ig.com.br/eleicoes/eleitor+ainda+nao+esta+ligado+na+campanha+diz+sergio+guerra/n1237736796728.html
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