25 de mai. de 2010

Serra critica juros altos, carga tributária e taxa de investimentos

Pré-candidato do PSDB diz que está havendo 'desindustrialização' no país.
Falta qualidade de gestão e capacidade para fazer investimentos, afirmou.

Alexandro Martello Do G1, em Brasília

O pré-candidato do PSDB à Presidência da República, José Serra, fez críticas nesta terça-feira (25) ao alto nível da taxa básica de juros vigente no país, que é definida pelo Banco Central, ao elevado patamar da carga tributária brasileira (peso dos impostos na proporção com o Produto Interno Bruto ), e também ao nível de investimento do governo na economia. Acompanhe minuto a minuto diretamente no blog.

Segundo ele, "distorções" da política econômica estão gerando a "desindustrialização" do Brasil. "Há um declínio na participação da indústria no PIB. Não é uma queda como podem ter tido países desenvolvidos. É natural que a indústria vá perdendo peso, mas isso a partir da maturidade, e ainda somos adolescentes. Está perdendo peso por distorções na política macroeconomica", disse ele.

O pré-candidato do PSDB disse que Dilma Rousseff, sua oponente do PT, defende a atual política cambial e de juros. "Não entendi. Sai governo e entra governo e continuamos campeões dos juros. Temos a maior taxa de juros do mundo e a maior carga tributária do mundo, entre todos os países emergentes, ou em desenvolvimento. O Brasil tem a maior carga tributária de todos", disse ele, acrescentando que os juros, e também o câmbio desvalorizado, são uma "distorção" no país.

Atualmente, os juros brasileiros estão em 9,5% ao ano, ou, em termos reais (após o abatimento da inflação projetada para os próximos 12 meses), em cerca de 4,5% ao ano - a maior taxa do planeta. Já a carga tributária brasileira está próxima de 40% do PIB, patamar acima das economias emergentes. Ao fim do mandato do presidente Fernando Henrique Cardoso, porém, os juros estavam mais altos e a carga tributária já era a mais elevada dos países em desenvolvimento.

Sintonia entre juros e câmbio
José Serra afirmou ainda que é preciso ter uma "sintonia melhor" entre a taxa de juros e o nível do câmbio. "Temos de ter uma integração maior entre a política monetária [definição dos juros] e da política fiscal [gastos públicos], que vira e mexe escapa do controle, como agora. Tem que ter um alinhamento melhor entre os juros e o câmbio. Vamos fazer isso com responsabilidade", afirmou ele. Acrescentou que ajudou a "erguer a mesa" da economia brasileira e que, por isso, nunca derrubaria essa mesa. "A gente tem sempre que aliar a coerência, o conhecimento, a capacidade de fazer e a responsabilidade. Eu ajudei a erguer a mesa do Brasil. Nunca vou derrubar essa mesa", disse.

Investimentos governamentais
O ex-governador de São Paulo citou ainda o que ele disse ser "outro recorde" do país. "Somos o penúltimo país na taxa de investimento governamental. Só perdemos para o Turquemenistão. De uma lista de 135 países. Isso não questão de um partido ou do governo. É questão do país", afirmou.

Também criticou o baixo nível de execução dos investimentos previstos pelo governo. "Porque não investe tanto? Porque falta planejamento. Não tem planejamento no investimento governamental. Falta qualidade de gestão e capacidade para fazer um sequenciamento do sinvestimento segundo uma ordem de prioridade. Se tudo é prioritário, não existe prioridade. Quando acaba tocando tudo ao mesmo tempo, não toca nada", afirmou ele.

Serra disse que, em 2009, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva se propôs a investir R$ 54 bilhões (em todas as áreas), mas que conseguiu, ao fim do ano passado, investir R$ 15 bilhões (valores pagos). "Jogou para restos a pagar mais de R$ 30 bilhões. Mais do dobro dos investimentos efetivamente gastos. Não é assim no Brasil todo. Em São Paulo, foi menos de 20% [para restos a pagar]. Os estados e municípios planejam melhor", afirmou ele.

http://g1.globo.com/especiais/eleicoes-2010/noticia/2010/05/serra-critica-juros-altos-carga-tributaria-e-taxa-de-investimentos.html

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