24 de mai. de 2010

PT faz curso político para novos filiados que reforçarão campanha de Dilma

Maurício Savarese
Do UOL Notícias

Para melhorar o arsenal de informações de seus novos filiados, agregados ao longo dos dois mandatos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o PT organizará neste mês nos dois principais colégios eleitorais do país um programa de formação política que também dará combustível a sua candidata ao Palácio do Planalto, Dilma Rousseff. A iniciativa já passou por outros Estados, mas é nos dois redutos governados por tucanos que a campanha terá sua maior força.

A 1ª Jornada Nacional de Formação do PT, a ser realizada em São Paulo e Minas Gerais, já passou por Acre, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Roraima. Neste fim de semana, ela passa pela Bahia, quarto maior colégio eleitoral do país, onde o governador Jaques Wagner (PT) começa a enfrentar mais dificuldades para se reeleger diante do rival Paulo Souto (DEM), segundo as pesquisas de intenção de voto.

Nos fóruns de debate, os petistas abordarão questões regionais, municipais e estaduais – sem deixar de lado o provável antagonismo entre Dilma e o presidenciável do PSDB, José Serra. O partido espera que 100 mil filiados se envolvam com as atividades entre maio e junho, em um momento da pré-campanha no qual a favorita de Lula acirra a disputa com seu adversário tucano.

Secretário de Formação Política do PT, Carlos Henrique Árabe diz que o curso não tem vínculo com as eleições, mas ajudará nos esforços para eleger Dilma. “A origem desse curso não está no que vai acontecer em outubro, mas sim no período recente”, disse ele ao UOL Notícias.

“Precisamos ter petistas que participam mais da vida partidária. Temos 1,5 milhão de filiados e devemos aprender como se faz a formação em um partido grande. O maior problema hoje é de aprendizado”, afirmou ele.

Nas jornadas, que duram três dias, o PT apresenta três cadernos: um com a história do partido, outro com o balanço do governo Lula e programas de governo desde 1989 e o último sobre “o fortalecimento do PT e a luta pela hegemonia no país”. O UOL Notícias requisitou acesso aos cadernos na segunda semana de maio, mas não os recebeu, apesar de várias tentativas.

Na região onde tem mais dificuldades para ganhar votos, o PSDB montou uma estratégia parecida no fim do ano passado: montou um curso de formação tucana no Nordeste, com o objetivo de informar voluntários e militantes pagos para promover debates sobre as eleições presidenciais de 2010.

Os aliados de Serra promoveram cursos sob custo de R$ 450 mil, com meta de formar 4,5 mil cabos eleitorais. Questionado sobre a iniciativa do PT, Árabe disse não ter estimativa de quanto custará a jornada em todos os Estados, mas ponderou que a iniciativa será bancada com recursos exclusivamente do partido.

Mensalão e mídia

A decisão de organizar o fórum de debates – que não exclui os mais antigos, segundo Árabe, mas é prioritariamente para os mais jovens –, veio no 3º Congresso do partido, em 2007, realizado após a reeleição de Lula para o Palácio do Planalto. Em seus primeiros anos, na década de 80, o PT montou cursos semelhantes, mas abandonou a ideia nas duas vezes em que saiu vitorioso das eleições presidenciais.

Desde 2005, quando eclodiu o escândalo do mensalão, petistas afastados da corrente majoritária e com mais membros abatidos pela crise, a Construindo um Novo Brasil, pressionam pela retomada da bandeira ética, identificada com o partido antes de seus sete anos no poder em Brasília. A formação política serviria para reafirmar bandeiras históricas da sigla e condenar a corrupção que o PT sempre combateu e acabou hospedando em seu próprio governo. Mas também ajudaria, segundo outras lideranças do partido, para pressionar a mídia.

Após o 3º Congresso, a então secretária de Formação Política do PT, deputada Iriny Lopes (ES), da corrente Articulação de Esquerda, próxima à tendência majoritária, escreveu sobre a importância de “fazer um debate sobre mídia e seu papel, hoje claramente de um partido político que não precisa enfrentar as urnas para emitir suas opiniões e cada vez mais ofensivo contra o campo que representamos e defendemos”.

O atual secretário de Formação Política é pesquisador da Unicamp e milita pela Democracia Socialista, tendência crítica do papel da mídia, mas que também tem resistências ao arco de alianças que sustenta o governo Lula, em especial na área da agricultura e no trato com movimentos sociais.

http://eleicoes.uol.com.br/2010/ultimas-noticias/2010/05/24/pt-faz-curso-politico-para-novos-filiados-que-reforcarao-campanha-de-dilma.jhtm

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