25 de mai. de 2010

Dilma faz críticas ao PSDB e defende piso de renda da classe média para o país

Folha

DE SÃO PAULO


Primeira a participar da sabatina da CNI (Confederação Nacional das Indústrias), em Brasília, a pré-candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, voltou a prometer a erradicação da pobreza extrema. "O piso da renda no Brasil tem que ser o piso da classe média."

Ela defendeu o corte de gastos na gestão pública. "Não é cortar gastos de custeio, mas cortar gastos que não são racionais para o país."

Dilma também fez uma crítica ao PSDB e José Serra. Ela disse que havia um "apagão de planejamento" no país quando o PT assumiu o governo. "Não vou ficar falando sobre o apagão de planejamento, de projetos, que havia no governo. Nós superamos uma parte importante desses gargalos", disse. "Rompemos anos e anos de estagnação, desemprego e desigualdade."

A petista começou seu discurso falando da atuação do governo na crise econômica 2008/2009. "Pela primeira vez, o Brasil teve um posicionamento sólido diante da crise."

Segundo Dilma, "o país foi o último a entrar e o primeiro a sair". Ela ainda rasgou seda para as políticas macroeconômicas do governo Lula e elogiou três fatores: controle da inflação, com política de metas; robustez fiscal, por meio de câmbio flutuante e acúmulo de reservas; equilíbrio fiscal, por meio de uma diminuição do endividamento público e política de superavit primário.

A pré-candidata falou das ações e metas do governo em primeira pessoa. "Vamos fazer um superavit primário em torno de 3,3%."

Dilma disse que o governo Lula fez uma política que combinou aceleração do crescimento e redução real da taxa de juros. "A taxa é alta ainda, mas demonstra trajetória de queda que mantém a sustentabilidade."

Mesmo fora do governo desde o final de março, ela falou em nome do Planalto. Disse, por exemplo, que poderá haver aumento do aporte ao Fundo Soberano, a "poupança" do governo.

No meio da fala sobre crise econômica, a petista intercalou educação e defendeu formação universitária para professores do ensino básico.

"Para ingressar em definitivo na economia do conhecimento, temos de apostar de forma decisiva na formação de engenheiros, matemáticos e físicos. Não há inovação sem eles."

Para Dilma, o momento é de "consolidar conquista e avançar". "Brasil já encontrou o rumo certo. É hora de seguir em frente e acelerar."

A pré-candidata do PT afirmou também que a revisão de contratos firmados pelo governo federal cria "instabilidade" no país. "Qualquer proposta de revisão dos contratos implicará em diminuição do crescimento do país e criará turbulência generalizada."

Segundo ela, nos sete anos e meio em que esteve no governo, deu demonstração de "maturidade" ao respeitar os contratos firmados pelo Executivo. "Muitas vezes não concordávamos com os contratos, mas respeitamos todos."

A petista aproveitou para elogiar o projeto do trem-bala e a absorção de tecnologia, o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e a recuperação de financiamento a longo prazo no país.

Dilma afirmou que o Brasil vai "transitar de nação emergente para uma nação desenvolvida". "Nosso compromisso para isso deve ser a erradicação da pobreza", defendeu.

Ela defendeu ainda um ministério específico para micro, pequena e média empresa do país. Segundo Dilma, a ideia seria implementada pelo presidente Lula --que adiou a medida em consequência da crise econômica.

"Sem a política industrial brasileira, nós não alcançaríamos a formalização do trabalho", afirmou a petista.

Questionado sobre a situação tributária no país, Dilma afirmou ser "caótica". "Nós tentamos várias vezes encaminhar projetos de reforma tributária, mas a situação tributária é caótica. É caótica porque se sobrepõem legislação, níveis de incidência de impostos", afirmou.

Ela propôs a desoneração "completa" da cadeia de bens de capital. "A prioridade é desoneração e estímulo ao investimento, exportação e ao emprego."

A petista defendeu a desoneração na folha de salário. "Significa desonerar parte patronal, o que vai permitir o incentivo à formalização", disse.

PAC

Dilma afirmou que o PAC colocou o investimento na ordem do dia.

Ela falou dos investimentos do governo Lula em ferrovias e, na hora de fazer a comparação com o governo anterior, enrolou-se nos números. A petista confundiu 170 quilômetros com cerca de 256 quilômetros de novas linhas.

Exportação

Questionada como fazer para modernizar a estrutura de exportação do país, Dilma disse que política industrial significa que tudo o que pode ser produzido no Brasil deve ser produzido no Brasil.

Ela afirmou que não se trata de uma política de substituição de importação. "Política industrial é isso, suprimento do mercado interno e a busca pela competitividade no mercado internacional."

Sobre exportações, defendeu a "desoneração tributária e uma política clara de financiamento", além de redução da burocracia.

A petista defendeu ainda a elevação da produtividade no Brasil. "É algo crucial", disse. "É fato que a taxa média [de produtividade] passou para 2,1% quando era 1,4%. Mas o nosso grande objetivo vai ser acelerar a produtividade brasileira, com inovação."

Compromissos

Dilma firmou três compromissos com os empresários na CNI: situar a economia brasileira entre as mais ricas do mundo; crescer de forma sustentável com taxas adequadas, garantindo a melhora da renda per capita do país; e distribuir renda de forma permanente, eliminando a miséria e combatendo a pobreza.

"Nós sabemos o que fazer e como fazer, porque fizemos. Temos a experiência comprovada de quem fez."

Ao final de sua exposição, a pré-candidata petista disse que as mudanças alcançadas no país nos últimos anos têm que ser "agarradas com as duas mãos".

http://www1.folha.uol.com.br/poder/740373-dilma-faz-criticas-ao-psdb-e-defende-piso-de-renda-da-classe-media-para-o-pais.shtml

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