29 de set. de 2009

PT minimiza Ciro Gomes e pede apoio à Dilma

Terça, 29 de setembro de 2009

Marcela Rocha

O Partido de Ciro Gomes (PSB-CE) define nesta terça-feira, 29, seu domicílio eleitoral. A permanência do deputado federal ou transferência para São Paulo significam uma candidatura à presidência ou ao governo paulista, hipótese ainda não descartada por setores do PT, que não tem um nome decidido para São Paulo.
O presidente do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP), minimiza o avanço de Ciro nas pesquisas de intenção de voto e diz contar com o apoio do deputado cearense para garantir o segundo turno da presidenciável Dilma Rousseff, ministra-chefe da Casa Civil.
- A nossa candidata é uma só. A candidata do presidente Lula é só a ministra Dilma Rousseff. Obviamente o Ciro não é um inimigo nosso, ele é uma pessoa com quem vamos dialogar, com quem vamos trabalhar de forma civilizada e no segundo turno pediremos o apoio dele para a nossa candidata.

Decidido a concorrer à Presidência da República, Ciro não pretende fazer a transferência, mas deixou a decisão para o PSB.
O presidente Lula é o segundo mais bem avaliado entre os presidentes da América, segundo uma compilação de pesquisas divulgada hoje pela mexicana CM (Consulta Mitofsky). Em Honduras, Brasil tomou frente; Lula é bem visto pelas comunidades internacionais. Para o presidente do PT, "conseguir migrar esse prestígio do Lula para Dilma é um trabalho que exige muito esforço, estratégia e persistência".
Em entrevista a Terra Magazine, Berzoini nega que o PT já tenha feito qualquer acordo com Ben Self, marqueteiro responsável pela bem sucedida campanha do presidente Barack Obama. "O que ele tem, que eu sei, é uma conversa com João Santana (publicitário que assessora Lula desde 24 de agosto de 2005) e nem mesmo este tem contrato com o PT". Self confirmou o trabalho com o partido para 2010.
Leia abaixo a íntegra da entrevista com Ricaro Berzoini:



Terra Magazine - Sobre a possível candidatura de Ciro, como o PT pretende se comportar tendo em vista que o Ciro é um aliado político e já foi ministro do Lula?
Ricardo Berzoini -
O Ciro já foi candidato a presidente por duas vezes, em 1998 e em 2002. No primeiro turno, defendeu posições parecidas com as nossas. Em 2006, era ministro do presidente Lula e decidiu sair candidato a deputado federal pelo PSB do Ceará. Se ele for candidato agora, vamos tratar como um concorrente, um adversário de primeiro turno, mas é uma pessoa com um programa político semelhante ao nosso.

O que isto significa?
Que a nossa candidata é uma só. A candidata do presidente Lula é só a ministra Dilma Rousseff. Obviamente o Ciro não é um inimigo nosso, ele é uma pessoa com quem vamos dialogar, com quem vamos trabalhar de forma civilizada e no segundo turno pediremos o apoio dele para a nossa candidata.


Mas Ciro está bem nas pesquisas de intenção de voto. Na última obteve resultado semelhante ao da ministra Dilma...
Pesquisas feitas um ano antes das eleições, para nós, tem pouquíssima utilidade. Em termos de intenção de voto, a pesquisa só tem valor quando estamos a três ou quatro meses antes da eleição. Por enquanto, o importante é o qualitativo, ou seja, analisar quais são os anseios das pessoas e não intenção de voto em níveis de conhecimento.


O Serra tem dado entrevistas em rádios nordestinas e feito pronunciamentos na região. E o PSDB fez um Gibi para "explicar as origens do Bolsa Família" no Norte e no Nordeste do País. O que o senhor acha disso?
Eles precisam fazer um esforço muito grande para tentar disfarçar a ausência de políticas sociais relevantes no governo FHC. Acho que, obviamente, eles estão no papel deles, mas confundir o Bolsa Escola, que atingiu algumas centenas de milhares de famílias com o Bolsa Família, que é muito mais abrangente e consolidou os cadastros do governo e que viabilizou o atendimento a 11 milhões de famílias, exige, realmente, um esforço muito grande para tentar confundir a opinião pública.


Em entrevista ao portal Terra, Ben Self, marqueteiro de Barack Obama, confirmou que vai cuidar da campanha do PT nas eleições. O senhor também confirma? 

É uma confirmação absolutamente imprópria. Ele não tem nenhum tipo de compromisso conosco e nem nós para com ele. O que ele tem, que eu sei, é uma conversa com João Santana e nem mesmo este tem contrato com o PT. Quem vai trabalhar na campanha nacional será decidido pela próxima direção do partido, que será eleita em novembro. Se ele falou isso, houve confusão entre a relação que ele mantém com João Santana e a relação que ele mantém com o PT. Não há relação contratual com Ben Self.

O presidente Lula é o segundo mais bem avaliado entre os presidentes da América, segundo uma compilação de pesquisas divulgada hoje pela mexicana CM (Consulta Mitofsky). Em Honduras, Brasil tomou frente; Lula é bem visto pelas comunidades internacionais. Como transferir isto para a presidenciável?
Temos que nos beneficiar de uma situação política que foi construída com esforço, com trabalho governamental, partidário e que levou Lula a essa situação. Claro que conseguir migrar esse prestígio do Lula para Dilma é um trabalho que exige muito esforço, estratégia e persistência. Principalmente numa visão pedagógica de como traduzir essa mensagem para a população. Trabalharemos com humildade e pés no chão, sabendo que temos um governo extremamente popular, mas ao mesmo tempo precisamos traduzir para a população que a escolha feita parte do pressuposto de continuar a obra do presidente Lula com a sua ministra chefe da Casa Civil que será a nossa candidata a presidente.

Alguns críticos a esse projeto petista dizem que o fato de a ministra nunca ter se candidatado a nada é um fator que joga contra. Com que olhos o senhor observa essas críticas? Isto é algo que preocupa a direção do partido?
Isso nós veremos nas urnas. Tenho certeza que essa avaliação será respondida com o voto popular.


Terra Magazine

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