28 de set. de 2009

Embarque de PMDB na candidatura Dilma oficializa racha do partido e isola serristas

GABRIELA GUERREIRO

MÁRCIO FALCÃO

da Folha Online, em Brasília

Sem perder a tradição, o PMDB vai seguir rachado em 2010 na disputa pela Presidência da República. Embora a maioria do partido esteja favorável ao embarque do PMDB na candidatura da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil), a ala que apoia o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), promete tentar reverter o pensamento dos peemedebistas aliados do governo federal até o início de 2010.

A ala serrista do PMDB aposta na queda da candidatura de Dilma para reverter a maioria dos peemedebistas que atualmente apoiam a petista. "Confesso que hoje somos minoritários, a parte governista é bem maior. Mas a Dilma está caindo nas pesquisas Pelo que conheço do PMDB, muitos vão abandonar esse barco", disse o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE).

O parlamentar, que é um dos articuladores do apoio do PMDB a Serra, defendeu que o partido espere antes de definir que vai apoiar Dilma formalmente. Nos bastidores, porém, aliados do presidente licenciado do partido, Michel Temer (PMDB-SP), negociam o anúncio nos próximos dias do apoio a Dilma --o que abre caminho para o presidente da Câmara ser indicado para a vice-presidência na chapa da petista.

"Essa definição poderia ser mais adiante. Ponderamos para o presidente Temer que isso atropelava os fatos. O PMDB sempre foi isso, teve essa divisão. Há um açodamento do PMDB em fechar essa aliança", afirmou.

Um dos articuladores do nome de Temer na chapa de Dilma disse à Folha Online acreditar que a legenda, ao formular o apoio da Dilma, vai selar o racha interno já previsto para 2010. Apesar do risco, os "dilmistas" têm pressa em meio à pressão do Palácio do Planalto para garantir o apoio do PMDB no ano que vem.

O presidente do PT, Ricardo Berzoini (SP), reconhece que o apoio dos peemedebistas é importante para qualquer candidato que disputa as eleições. Mas admite que o PT, se conseguir compor chapa com o PMDB, não terá a totalidade do partido ao seu lado nos Estados.

"O PMDB sempre foi um partido que se apresentou nas eleições dividido. Sabemos que há setores do PMDB na Câmara e no Senado que não têm compromisso com a coalizão em torno do governo federal. Dificilmente 100% do partido vai para as eleições do ano que vem com o presidente Lula", afirmou Berzoini.

Apesar de reconhecer o esperado racha dos peemedebistas, o presidente do PT defendeu pressa para a oficialização da aliança com o PMDB em 2010. "Se pudermos consolidar rapidamente [a aliança], melhor. Mas desde que seja realista e factível", disse o petista.

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