14 de mai. de 2010

Serra destaca boa relação com Lula e diz ter discurso coerente

Folha

LUIZ FERNANDO VIANNA
da Sucursal do Rio

O pré-candidato do PSDB à Presidência, José Serra, lançou nesta sexta-feira indireta contra sua adversária, a petista Dilma Rousseff, afirmando que não se deixa pautar por publicitários e que por isso não "escorrega", mantendo um discurso coerente.

Em entrevista de uma hora de duração à rádio "Tupi", Serra declarou se dar muito bem com Lula e negou que possa ser levado a atacá-lo durante a campanha eleitoral.

"Tenho nervos de aço. Não saio do prumo", disse quatro dias depois de ter chamado uma jornalista de "nervosinha" por questioná-lo sobre o papel do Banco Central --tema que não entrou na pauta do programa.

O tucano voltou a defender a criação do Ministério da Segurança Pública, ao qual declarou que vão estar subordinados à Abin (Agência Brasileira de Inteligência) e à agência de combate a drogas.

Na segunda-feira, Serra afirmou que a taxa de juros no país deveria ter sido reduzida no passado e destacou que o Banco Central não é a Santa Sé. Na ocasião, demonstrou irritação ao ser questionado pela jornalista Miriam Leitão sobre também agir como presidente do BC, se eleito.

O tucano defendeu a autonomia do banco, mas afirmou que se houver "erros calamitosos", o presidente deve interferir e opinar. "O presidente tem que fazer sentir sua posição."

"O Banco Central não é a Santa Sé. Não sou contra incentivos tributários, mas é preciso um mecanismo que não puna os municípios", disse ele.

Segundo ele, o Brasil continua com a maior taxa de juros do mundo. Como alternativa, defendeu uma política de médio e longo prazo para evitar a alta da taxa como mecanismo de conter a inflação.

No mesmo dia, diante da repercussão, Serra voltou a falar do assunto. Segundo o tucano, a intervenção do governo na atuação do banco vem no momento em que se nomeiam presidente e diretores da instituição, dando a entender que, se eles forem mal avaliados, deverão ser trocados pelo presidente, que disse ser ainda ser contrário a um mandato fixo para os ocupantes de cargos de direção no BC.

"O BC trabalha direito, mas tem que ter um acompanhamento, como em qualquer país do mundo. Não é motivo para sobressalto. Tem que ter autonomia para o seu trabalho, dentro de certos parâmetros, que são os interesses da estabilidade de preços e do desenvolvimento da economia nacional."

Serra descartou, ainda, conferir mandato fixo ao presidente do BC. Segundo ele, a prerrogativa de nomeação do presidente e da diretoria é uma das maneiras de controle da política do BC.

http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u735159.shtml

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