10 de mai. de 2010

Serra defende 'estado musculoso' e critica reuniões do Mercosul

Tucano concedeu entrevista para a CBN nesta segunda-feira. Para ex-governador, reuniões do órgão se transformaram em 'espetáculos'.

O tucano José Serra abriu na manhã desta segunda-feira (10) uma série de entrevistas da Rádio CBN com os pré-candidatos à Presidência da República. Durante a entrevista, Serra defendeu um “estado musculoso” capaz de promover desenvolvimento e justiça social. Ele ainda disse que o Banco Central não é a "Santa Sé" e afirmou que as reuniões do Mercosul se transformaram em "espetáculos".

Ouça os principais trechos da entrevista

A entrevista com o pré-candidato tucano ocorreu entre 8h e 9h e foi conduzida pelo âncora do Jornal da CBN, Heródoto Barbeiro. Na próxima segunda-feira (17), a entrevistada será a petista Dilma Rousseff. A pré-candidata do PV Marina Silva será ouvida no dia 24. A ordem das entrevistas foi definida em sorteio.

Questionado sobre ser um político de direita ou esquerda, Serra disse que, do ponto de vista das análises tradicionais, se define como um político de esquerda. “Defendo um projeto de desenvolvimento nacional para o Brasil, com ativismo governamental”, disse. “Eu defendo um estado forte, não obeso, mas musculoso, no sentido de ter capacidade para ativar nosso desenvolvimento e a justiça social.”

Juros e Banco Central
Serra se mostrou irritado ao ser questionado pela jornalista Míriam Leitão sobre qual seria sua interferência nas decisões do Banco Central, após a jornalista comentar que há no meio econômico o receio de que ele se comporte também como presidente da instituição. Minutos antes na entrevista, o tucano havia criticado o Banco Central por não ter baixado ainda mais os juros durante momentos que ele julgou terem sido favoráveis durante a crise.

"A mesa da economia brasileira eu ajudei a erguer. Todo mundo que me conhece sabe que eu não vou virar a mesa coisa nenhuma”, disse. "O Banco Central não é a Santa Sé", afirmou, para explicar que eventuais erros da equipe econômica devem ser apontados e isso não pode ser tomado como quebra da autonomia da instituição.

"O que tem que dar é tranquilidade para o pessoal do Banco Central operar, não ficar interferindo a todo momento. Agora, se houver erros calamitosos, que é perfeitamente possível identificar, acho que o presidente (da República) tem que fazer sentir sua posição."

Mercosul
O tucano voltou a criticar a condução do Mercosul após ser perguntado sobre os problemas enfrentados recentemente no comércio entre Brasil e Argentina. "Eu acho que o Mercosul tem que ser reformado. Foram fixadas metas muito ambiciosas, queimando etapas", afirmou, citando que a União Européia levou muito mais tempo para consolidar as parcerias comercias. Para ele, antes de qualquer tentativa de avanço é preciso consolidar o órgão como um espaço de livre comércio.

"Acho importante salvar o Mercosul. Você tem que dar dois passos atrás para dar um adiante", disse. "As reuniões de presidentes passaram a ser mais um espetáculo. Avanço concreto não tem. É uma coisa que tem que ser reformada para ser fortalecida."

Previdência e centrais sindicais
Serra criticou o sistema previdenciário do governo Lula. Ele disse que em oito anos nada foi feito para melhorar e por isso o sistema tem déficit. Mas afirmou que se o presidente vetar a proposta de aumento para os aposentados, ele vai respeitar. Para ele, é necessário uma reforma ampla no setor, "que elimine privilégios e corrija injustiças".

O tucano disse ainda que pertende usar o diálogo com as centrais sindicais e não teme o fato de a pré-candidata do PT ser apoiada pelas duas maiores centrais. Ele lembrou a greve dos professores em São Paulo, mas disse que neste caso "foi algo partidário e não sindical".

Lula ao El País
A entrevista do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao jornal espanhol "El País" foi comentada por Serra, que disse ter achado normal o fato dele ter dito que a candidata do PT ganharia as eleições. Entretanto, ele preferiu destacar o trecho no qual Lula afirma que, vença quem vencer, os rumos do Brasil não serão alterados. 'É uma afirmação importante, porque há um certo jogo, quase terrorismo, de dizer que se não ganha a candidata do Lula vai ter problemas (de estabilidade)."

Vídeo online
O pré-candidato encerrou a entrevista brincando com o fato de ter sido surpreendido com a transmissão para a internet, em vídeo, do encontro. “Estou preocupado com minha cara de sono”, disse.

http://g1.globo.com/politica/noticia/2010/05/serra-defende-estado-musculoso-e-critica-reunioes-do-mercosul.html

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