10 de mai. de 2010

Marina defende autonomia do BC e pede afastamento de Tuma Jr.

Folha - BERNARDO MELLO FRANCO
da Reportagem Local


A senadora Marina Silva, pré-candidata do PV à Presidência, defendeu nesta segunda-feira a autonomia do Banco Central e disse que foram os instrumentos da política econômica que ajudaram o país a sair da crise econômica.

"A experiência brasileira mostra que foi acertada a autonomia do BC. É uma autonomia não institucionalizada. A não institucionalização é boa para evitar o que aconteceu na Argentina", afirmou a senadora, lembrando que a inflação atinge principalmente os mais pobres. Ela, no entanto, evitou comentar a recente decisão do BC de aumentar a taxa de juros de 8,75% para 9,50%

Marina participou hoje de um debate sobre segurança pública promovido pelo IDS (Instituto Democracia e Sustentabilidade), entidade do qual é presidente.

Nesta segunda-feira, o pré-candidato do PSDB, José Serra, afirmou que a taxa de juros no país deveria ter sido reduzida no passado e destacou que o BC não é a Santa Sé, ao comentar sobre a autonomia do BC.

"O Banco Central não é a Santa Sé", disse. "Se houver erros calamitosos [no BC], o que é perfeitamente possível diagnosticar, o presidente tem de fazer sentir sua posição."

Na tarde de hoje, Serra voltou a falar do assunto. Segundo o tucano, a intervenção do governo na atuação do banco vem no momento em que se nomeiam presidente e diretores da instituição, dando a entender que, se eles forem mal avaliados, deverão ser trocados pelo presidente, que disse ser ainda ser contrário a um mandato fixo para os ocupantes de cargos de direção no BC.

A petista Dilma Rousseff rebateu críticas do tucano. "Defendo a autonomia operacional do Banco Central. Acho que relações institucionais têm se pautar pela maior tranquilidade possível, pela serenidade. Sempre tivemos uma relação muito tranquila com o Banco Central, de muito pouca turbulência, de muito pouca confusão", declarou ela em seminário promovido pelos jornais "Valor Econômico" e "Financial Times", no Copacabana Palace, na zona sul do Rio.


Caso Tuma Jr.

Marina também defendeu o afastamento do secretário nacional de Justiça, Romeu Tuma Jr, mas disse que ele tem o direito de se defender no cargo. "Seria o melhor para o bem da coisa pública", afirmou.

Investigação da Polícia Federal obteve gravações telefônicas e troca de e-mails entre Tuma Jr. e Li Kwok Kwen, o Paulo Li, que foi preso em 2009 sob acusação de contrabando.

Nas gravações, Tuma Jr., que também é presidente do Conselho Nacional de Combate à Pirataria, trata da compra de um celular, de videogame e até de regularização da situação de chineses que viviam clandestinamente em São Paulo. Embora tenha sido flagrado nos grampos da PF, o secretário não foi alvo do inquérito.

A senadora criticou a ideia de Serra de criar um Ministério da Segurança Pública. Para ela, se trata de paliativo. "Não adianta criar a estrutura sem resolver o problema na base. 'Não basta botar uma cereja, um ministério que seja, sem ter o bolo", afirmou. Ela também criticou 'puxadinhos', como usar forças armadas na segurança.

A pré-candidata ainda ironizou a apoio do senador Fernando Collor (PTB) à candidatura da Dilma. "Quem viveu algum tempo atrás nunca imaginou viver o que estamos vendo hoje", afirmou.

http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u732918.shtml

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