13 de mai. de 2010

Serra defende política pública para área de medicamentos

Mas evita mais uma vez criticar a gestão do presidente Lula

Corrreio Braziliense - Alana Rizzo


O pré-candidato do PSDB à Presidência da República, José Serra, cobrou uma política mais ofensiva para a saúde. Poupando críticas à gestão do atual governo, o tucano disse, em entrevista ao Programa do Ratinho, que a área “deixou de acelerar como antes e aí começa a fazer falta”. O ex-ministro da Saúde disse, anteontem, em Goiânia, que vai criar o Programa de Aceleração da Saúde, um trocadilho ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), bandeira eleitoral da adversária, Dilma Rousseff (PT).

O plano, segundo aliados de Serra, ainda não está pronto. Entretanto, o pré-candidato vem destacando em eventos e entrevistas que pretende criar uma nova política pública para a área de medicamentos e reivindicar a regulamentação da Emenda Constitucional nº 29, que define os percentuais mínimos que os governos devem aplicar na saúde. O pré-candidato disse ainda que a ausência de fiscalização é que dá margem para problemas, entre eles, como a falta de equipamentos. Serra aproveitou para comentar que, durante sua gestão no Ministério da Saúde, cobrava mais informações sobre a situação da área pelo Brasil. Ontem, em entrevista ao SBT Brasil, Lula alfinetou o tucano: “O Serra agora está sabendo tudo o que ele não sabia quando estava no governo”.

A oposição acredita que o governo terá problemas no debate sobre a saúde, especialmente por conta da demora em aprovar a proposta que aumenta o repasse de recursos federais para a área. “É um ponto fraco. O projeto está aqui desde 2003 e até hoje o governo não concordou em votar nos termos que a saúde precisa”, destaca o primeiro secretário da Câmara dos Deputados, deputado Rafael Guerra (PSDB-MG).

Na entrevista ao Ratinho, Serra (1)disse que o problema não é só dinheiro. “Você precisa mobilizar a máquina administrativa.” Entre as propostas defendidas pelo tucano, estão a organização de mutirões, o fortalecimento das equipes de saúde da família e a gestão das unidades de atendimento. O candidato vem buscando informações sobre os variados modelos de administração de hospitais adotados pelos governos estaduais. Pediu ainda um levantamento sobre a lei de consórcios públicos, aprovada pelo Congresso.

Cabos eleitorais
Os tucanos pretendem transformar os profissionais da saúde em cabos eleitorais de Serra, que foi ministro da Saúde na gestão de Fernando Henrique Cardoso. O Movimento Brasil Saúde, criado este ano em apoio ao candidato, já articula ações no Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Bahia, Sergipe, Minas Gerais e Maranhão.

Serra voltou a dizer que é contra o aborto numa entrevista coletiva, após o programa. “Não sou a favor de mexer na legislação, mas qualquer deputado pode fazer isso. Como governo, não vou tomar essa iniciativa”, afirmou. Pela manhã, em entrevista ao grupo gaúcho de comunicação RBS, a pré-candidata à Presidência da República Dilma Rousseff defendeu que o aborto seja tratado como uma questão de saúde pública e não como uma questão pessoal ou religiosa. “Nenhuma mulher defende ou diz que quer fazer porque é uma violência contra ela.” Segundo ela, um governo não tem que ser a favor ou contra. “O aborto é uma agressão física e a mulher recorre a isso num desespero.”

Serra não abandonou o discurso da segurança pública que, segundo ele, fará parte do PAS 2 (Programa de Aceleração da Segurança Pública). O pré-candidato defendeu a criação de uma Polícia Federal uniformizada para combater o crime organizado nas fronteiras. Se eleito, o tucano promete a criação do Ministério da Segurança Pública.

Bombas nucleares
Ao longo do dia, Dilma corrigiu uma parte da entrevista à RBS que gerou polêmica. Segundo a assessoria, a ex-ministra se confundiu ao dizer que o Irã “controla armas nucleares”, quando na verdade falava que o Irã “controla a tecnologia nuclear” e não as armas. O país islâmico nega que tenha o armamento e que seu programa nuclear tenha apenas fins pacíficos. “O Irã não é uma civilização como a iraquiana. É um país com mais de 70 milhões de habitantes. Controla armas nucleares e tem posicionamento internacional expressivo na região”, disse Dilma, pela manhã.

Na entrevista, a petista defendeu o uso pacífico da tecnologia. “A tentativa de construir um caminho em que haja o abandono de armas nucleares como armas de agressão e passe a ser pura e simplesmente pacífico (o uso) da energia nuclear é bom para o mundo inteiro.”. Para ela, é humanitária a tentativa do Brasil de dialogar com o governo. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva visitará o Irã entre os próximos dias 15 e 17. “O Brasil não concorda em transformar o Irã em uma região conflagrada”.

1 - Apoio
O PP do Rio Grande do Sul fechou ontem apoio à candidatura de José Serra ao Palácio do Planalto. É o primeiro diretório forte a oficializar a aliança com o tucano. O acordo faz parte da tentativa de viabilizar o senador Francisco Dornelles (PP-RJ) a vice-presidente na chapa tucana.

DESTAQUE AO MEIO AMBIENTE
No segundo e último dia de sua visita a Natal, a senadora Marina Silva, pré-candidata do Partido Verde (PV) à sucessão presidencial, destacou que é necessário que o governo federal exerça uma discussão em torno do meio ambiente. Na opinião da senadora, é de extrema relevância que o desenvolvimento trabalhado hoje seja modificado rapidamente. “O modelo de desenvolvimento predatório imposto até hoje tem que ser modificado de forma emergencial”, disse. Para Marina, é preciso integrar a luta de prevenção ao meio ambiente. “Antes cada um lutava em seu lugar, seu território. A partir de agora, essa luta deve se transformar em um verdadeiro ensaio geral”, destacou.

O diretor do filme Tropa de Elite 2, José Padilha, negou a existência de um parlamentar corrupto chamado “deputado Fraga”, que seria o antagonista da história, ao rivalizar o personagem central Capitão Nascimento, interpretado pelo ator Wagner Moura. Em nota, o cineasta responde à polêmica provocada depois de o deputado Alberto Fraga (DEM-DF) reclamar em plenário que o antagonista seria uma referência a seu nome. “O filme Tropa de Elite 2 não tem nenhum deputado corrupto chamado Fraga. Existe, sim, um personagem com esse nome, mas ele não é um deputado corrupto. O deputado corrupto, totalmente fictício, diga-se de passagem, chama-se Guaracy”, divulgou Padilha.

O cineasta escreve que “nunca havia ouvido falar” no deputado do DEM, mas, depois do desabafo do parlamentar, pesquisou sobre o histórico de Fraga na internet e descobriu que ele é um deputado aliado do ex-governador José Roberto Arruda.

Padilha reclama da reação dos deputados que criticaram o roteiro por colocar parlamentares como bandidos. Segundo o cineasta, a atitude dos deputados fere a “liberdade de expressão”. Nem mesmo o presidente da Casa, Michel Temer (PMDB-SP), se salvou das críticas. A declaração de Temer, que respondeu positivamente ao pedido de Fraga para analisar o tratamento da Casa no filme, informando que a Procuradoria da Câmara entraria no caso, foi interpretada por Padilha como censura. “Será que a procuradoria vai virar um órgão de censura, cuja função é tentar proibir que artistas se inspirem na Câmara e em seus membros para fazer filmes?”. A produtora do cineasta entrou em contato com a presidência da Casa para fazer filmagens, mas o pedido acabou negado. O argumento dado foi a impossibilidade técnica.

http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia182/2010/05/13/politica,i=192137/SERRA+DEFENDE+POLITICA+PUBLICA+PARA+AREA+DE+MEDICAMENTOS.shtml

Nenhum comentário:

Postar um comentário