2 de fev. de 2010

Rumo político de Dilma depende de 2010, dizem analistas

Pré-candidata do PT vai estrear na disputa por votos em outubro e deve enfrentar José Serra

Andréia Sadi, do R7

A carreira política da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, ficará sem rumo caso a sua provável estreia nas eleições de outubro não a leve à cadeira do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, avaliam cientistas políticos ouvidos pelo R7.

A pré-candidata petista construiu a sua trajetória profissional no Rio Grande do Sul e desde então só ocupou cargos executivos, como os ministérios de Minas e Energia [2002-2005] e a Casa Civil.

O cientista político e consultor do Movimento Voto Consciente Humberto Dantas disse que a ministra deverá enfrentar um momento decisivo para o seu currículo em outubro, quando vai brigar por votos possivelmente com José Serra (PSDB), veterano na disputa [perdeu para o presidente Lula em 2002].

- Se ela não ganhar a eleição, fica sem rumo. Não vai ter governo para ser ministra, não vai ter conseguido se eleger a nada e não tem vida política, trajetória política. Eu acho que a Dilma é ministra, técnica.

Por conta desta bagagem na área técnica e inexperiência em campanhas, Dilma vem aos poucos deixando de lado o figurino da "gerentona" do governo e do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e adotando um estilo mais leve e até treinando o "lulês", como ficou conhecida a linguagem coloquial usada pelo presidente em seus discursos.

O analista da UnB (Universidade de Brasília) David Fleischer disse que o recall - nível de conhecimento dos eleitores com relação à ministra - em 2014, quando acontecem as próximas eleições presidenciais, não deve ajudá-la a conquistar votos, já que, mesmo se ganhar, ela estaria “ reservando” o posto para o seu padrinho político - Lula - voltar ao poder para uma terceira gestão.

- Talvez, se não ganhar, trabalharia em função de algum governo estadual. Em 2014, deve voltar o Lula. Uma impressão é que, sem terceiro mandato, ela estaria reservando o lugar [para Lula], mas isso é muito lá na frente.

Dantas também diz que, se a cadeira da Presidência ficar com o PSDB, um retorno de Dilma em 2014 está descartado, já que ela não contaria com a força do seu principal cabo eleitoral: o presidente Lula.

- O peso que tem o Lula hoje em termos eleitorais vai fazer sombra a qualquer pessoa que ele queira lançar .Teria de passar [o nome de Dilma] por prévia dentro do PT, não tem força para ganhar [em 2014]. Ela tem força hoje para ganhar a indicação porque o Lula quer. Não existe o PT, é a voz de Lula que existe em 2010.

O nome da ministra como candidata em 2010 será homologado pelo partido no congresso do dia 18 de fevereiro, em Brasília.

Segundo Dantas, se a ministra não ficar "enfraquecida" com a disputa deste ano, por peder logo no primeiro turno ou por ter poucos votos, ela poderá concorrer a algum cargo em 2014 mesmo sem o apoio do presidente.

- Vai depender da forma como ela perder: se for para o segundo turno e sair com uma imagem fortalecida, pode ser que ela tenha futuro [na política], mas precisa ver se ela terá vontade de fazer parte disso e ser uma deputada, por exemplo, bem votada lá em 2014.

http://noticias.r7.com/brasil/noticias/rumo-politico-de-dilma-depende-de-2010-dizem-analistas-20110202.html

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