Aécio critica PSDB por não se mobilizar contra eleição plebiscitária proposta pelo PT

PAULO PEIXOTO
da Agência Folha, em Belo Horizonte

O governador de Minas, Aécio Neves, criticou abertamente o seu partido, o PSDB, por não se "mobilizar" devidamente contra a estratégia do PT de tentar fazer da eleição de 2010 uma disputa plebiscitária entre as gestões FHC e Lula.

Aécio, que em meados de dezembro renunciou à sua pré-candidatura presidencial, esteve ontem no interior de Minas e disse que considera "perigosa essa eleição plebiscitária que [os petistas] querem fazer".

"Infelizmente não houve, por parte do meu partido, a mobilização necessária para que essa alternativa fosse discutida. E eu, para não criar um conflito maior no partido, optei por voltar-me para Minas", disse ontem Aécio, em Araxá.

Até então, ele evitava críticas à situação interna do PSDB. Mesmo quando renunciou à sua pré-candidatura, não fez nenhum comentário tão direto quanto o de ontem sobre as mobilizações ou a falta de movimentação tucana.

Ele apenas havia dito que deixava a disputa interna porque considerava que o tempo para formar alianças nacionais e para articular palanques regionais estava se reduzindo.

A mobilização apregoada por Aécio tem a ver com os debates regionais que ele queria que acontecessem ao longo de 2009 entre ele e o governador José Serra (SP), o pré-candidato tucano. Entendia que isso era uma forma de propagar propostas para o que passou a chamar de fase "pós-Lula".

"Apresentei durante todo o ano passado uma alternativa mais agregadora, com o olhar mais no futuro", disse Aécio ontem, em Frutal. "Mas o partido optou por outra direção, não criou fórum para essa decisão. Eu não seria um entrave à unidade do partido. A nossa unidade é muito importante."

Ontem, Aécio elogiou Serra. "O PSDB tem um belo candidato colocado que é o governador de São Paulo, José Serra."

Aécio reiterou que sua "prioridade" agora é Minas, onde tentará fazer governador o seu vice Antonio Anastasia (PSDB) e se eleger ao Senado.

http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u688464.shtml