28 de jan. de 2010

PT estuda oferecer a Ciro um posto de destaque na campanha de Dilma

Tudo na tentativa de tirá-lo da corrida ao Planalto

Correio Braziliense - Tiago Pariz

Sabendo que o PSB vai esticar a corda na negociação para a retirada do deputado Ciro Gomes (PSB-CE) da disputa presidencial, o PT desenha uma saída honrosa para o parlamentar. A ideia é formar uma coordenação de campanha estrelada para a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, e ter Ciro Gomes (PSB-CE) como um dos expoentes.

A estratégia da campanha seria dividida entre o ex-ministro de Lula e o deputado federal Antônio Palocci, numa forma de compensá-lo pela desistência da corrida ao Planalto. A oferta, que ainda não foi oficializada, evitaria forçar Ciro a concorrer ao governo de São Paulo. A disputa paulista era o desejo inicial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas já foi rejeitada pelo parlamentar do Ceará.

Na nova fórmula, manejada com cautela pelo PT, Ciro Gomes teria, além do poder de decisão, papel de catalisador de votos em regiões do Nordeste. Essa negociação é uma operação de xadrez, na visão de petistas. Todo o esforço é articulado para evitar vender a proposta como um Plano B ou uma barganha. Há um setor minoritário no PT que vê em Ciro o vice ideal de Dilma.

O presidente Lula reuniu-se ontem novamente com o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, presidente nacional do PSB, para discutir os cenários(1) da eleição presidencial. Lula reafirmou que deseja uma disputa polarizada entre Dilma e o candidato do PSDB, provavelmente o governador de São Paulo, José Serra. Lula entende que a divisão da base, com dois candidatos, Dilma e Ciro, prejudicaria os votos governistas e beneficiaria o PSDB. O PSB, apesar de sensível aos apelos do presidente, disse que vai manter a candidatura do deputado e praticamente descartou a disputa ao governo paulista.

Sem barganha
“O presidente está convicto da sua disposição de falar para o conjunto dos partidos da base que a gente tem de ter uma disputa polarizada, com uma candidatura única da base”, disse o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha. “Nós compreendemos a visão do Ciro e do PSB. Essa é uma decisão do PSB e não do PT”, enfatizou o presidente petista, Ricardo Berzoini. Ele rejeitou a proposta de negociar com os socialistas na base da barganha. “Não é fazendo qualquer movimento ou oferecimento que vamos fechar a aliança”, disse.

O prazo para a consolidação da candidatura é março, um mês antes de a ministra Dilma Rousseff deixar o governo para se dedicar à campanha. Até lá, o PSB vai tentar fechar um apoio próprio para aumentar o tempo de televisão no horário eleitoral gratuito. A primeira aposta é o PTB, do deputado cassado Roberto Jefferson (RJ), repetindo em parte a aliança da eleição de 2002.

1 - Caminho tortuoso
Embora faça aparente jogo duro, o PSB sabe que a trilha para viabilizar a candidatura de Ciro à Presidência é praticamente inexistente. “Não tem caminho fácil. O PDT e o PCdoB já estão com a Dilma. Podemos tentar aumentar o tempo de tevê em parceria com o PP ou o PTB”, disse o senador Renato Casagrande (ES), secretário-geral do PSB. O PTB está entre o apoio a Dilma e a Serra. O líder do PP, Mario Negromonte (BA), não vê espaço para a discussão com o PSB devido ao perfil confrontador que Ciro assumiu na Câmara, e trabalha pela aliança com Dilma.

Oposição sob cerco
O presidente Lula aproveitou a cerimônia de inauguração da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do SUS, em Paulista (PE), para atacar políticos de oposição, pedir aos pernambucanos que não votem neles e fazer mais um lançamento da candidatura da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, à Presidência da República. Sem citar nomes, ele dirigiu os ataques, principalmente, ao presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), e ao senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE). Lula os responsabilizou pela derrubada da CPMF, que acabou tirando R$ 24 bilhões da saúde. “Essa mesquinharia política”, segundo o presidente, impediu ações para a saúde, como o programa de médicos na escola.

Dirigindo-se aos eleitores pernambucanos, Lula pediu que todos guardem a data da eleição, porque “políticos como esses têm prazo de validade vencida, cabeça atrasada, maldade e não pensam de forma moderna”. Lula fez ainda elogios à ministra Dilma Rousseff e disse que ela é uma companheira de coragem e competência. Para os críticos que dizem que ela é brava e não sorri, respondeu: “A Dilma é brava porque mulher tem que ser brava mesmo, porque quem tem que ficar mostrando os dentes é o homem. Mulher tem que ser séria. A Dilma, com esse comportamento, coordenou o PAC, o Minha Casa, Minha Vida. Esse país, com um pouco de planejamento, ninguém segura”, comentou.

Ao governador Eduardo Campos, candidato à reeleição, Lula aconselhou não fazer o “jogo rasteiro do adversário, não baixar o nível da campanha” e disse que, quanto mais os rivais baixarem o nível, mais Campos deve levantar o nível. Afirmou ainda ao governador que, aconteça o que acontecer, “coloque a tropa na rua, porque minha tropa vem junto para que a gente possa continuar o desenvolvimento pelo qual Pernambuco passa”.

http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia182/2010/01/28/politica,i=169666/PT+ESTUDA+OFERECER+A+CIRO+UM+POSTO+DE+DESTAQUE+NA+CAMPANHA+DE+DILMA.shtml

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