27 de jan. de 2010

Prioridade do Congresso do PT será enfatizar a unidade do partido em torno de Dilma

A legenda pretente também discutir a ampliação do mandato dos dirigentes

Correio Braziliense - Flávia Foreque

O foco do próximo Congresso do Partido dos Trabalhadores, em fevereiro, será a candidatura da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff. O encontro, instância máxima da legenda, pretende definir o programa de governo da “mãe do PAC” e fechar alianças em torno da escolhida do presidente Lula. Mas os militantes petistas também terão a chance de propor mudanças no estatuto da legenda. A duração do mandato dos diretórios será a principal delas. Desde o último congresso, em 2007, o partido discute a ampliação do mandato dos dirigentes. O atual diretório, eleito para o biênio 2008/09, tem à sua frente o deputado federal Ricardo Berzoini (SP), que assumiu a função de presidente do PT por dois mandatos consecutivos. Em novembro, José Eduardo Dutra (SE) foi eleito seu sucessor.

A decisão caberá aos cerca de 1,3 mil delegados, também escolhidos no ano passado. A expectativa é de que o mandato seja ampliado para quatro anos no âmbito nacional e nos estados. Os diretórios municipais permaneceriam com o mandato de dois anos, devido à maior rotatividade dos integrantes.

A discussão sobre as prévias internas também pode ganhar a atenção dos participantes. O motivo é o cenário indeciso em Minas Gerais, onde o partido ainda não confirmou o nome do candidato ao governo do estado. O ministro de Desenvolvimento Social, Patrus Ananias, e o ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel disputam a indicação. A disposição do ministro de Comunicações, Hélio Costa (PMDB), em entrar na disputa, complica ainda mais a situação, já que o PMDB já garantiu a aliança com a chapa governista.

Consenso
Para evitar rusgas, os petistas farão o possível para obter uma decisão consensual, sem a necessidade de prévias. O objetivo é garantir a maior unidade possível em torno da candidatura nacional e evitar a exposição dos “intestinos do partido”, como afirmou um petista. “A maioria política não resolve o problema em Minas”, afirma o deputado federal Reginaldo Lopes (PT-MG), contrário às prévias.

Por isso, a expectativa é de poucos embates internos — não só para fortalecer a imagem da candidatura de Dilma como também pela data comemorativa dos 30 anos do PT. O clima está longe de repetir aquele do congresso anterior, em 2007, que ainda estava abalado pelas denúncias do esquema do mensalão. O pagamento de propina para parlamentares da base aliada do governo derrubou nomes de peso da cúpula petista, como o então ministro da Casa Civil José Dirceu. Ele e outros acusados de participar do esquema estarão de volta neste congresso, quando os 81 membros do diretório nacional para o biênio 2010/11 tomam posse.

O número
1,3 mil - Número de delegados com direito a voto


Ideologia amansada
Há três anos, as discussões do congresso foram predominantemente teóricas e ideológicas. Dessa vez, o debate terá foco eleitoral e prático. Para o deputado federal João Paulo Cunha (PT-SP), o próprio discurso a ser elaborado pelo partido terá novas diretrizes. “Não podemos remeter as dificuldades do país para os governos anteriores porque nós já estaremos responsabilizados por sete anos de gestão. A produção teórica e doutrinária do PT tem que estar em outro patamar”, resume o parlamentar.

O encontro, que será realizado entre 18 e 20 de fevereiro, será a chance de Dilma Rousseff ganhar a simpatia dos delegados petistas e motivar a campanha que terá início no segundo semestre. Para muitos, será o “batismo” da titular da Casa Civil. “Isso permite à ministra Dilma fazer uma imersão na história do PT, na forma de o PT se organizar e discutir suas ideias. Ela será aclamada”, sentencia Cunha.

Viés
A previsão é de que a mãe do PAC discurse no sábado pela manhã, quando sua candidatura à Presidência da República será selada. O discurso seguirá o mantra já adotado pela ministra em viagens com o presidente Lula: sua candidatura representa a continuidade do governo Lula. “Este ano terá um corte eleitoral. O congresso de 2007 foi feito depois da nossa vitória”, pondera o Secretário Nacional de Relações Internacionais do PT, Valter Pomar.

http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia182/2010/01/27/politica,i=169351/PRIORIDADE+DO+CONGRESSO+DO+PT+SERA+ENFATIZAR+A+UNIDADE+DO+PARTIDO+EM+TORNO+DE+DILMA.shtml

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