25 de jan. de 2010

Cúpulas do PT e do PMDB tentam costurar acordos em estados que têm mais de um candidato

Correio Braziliense - Daniela Almeida

O PT e o PMDB tentam resolver impasses estaduais para evitar o enfraquecimento de palanques da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, em importantes colégios eleitorais do país. Nesta quarta-feira as cúpulas dos dois partidos se reunirão para discutir conflitos nos estados do Pará, Mato Grosso do Sul, Pernambuco, Bahia e Minas Gerais — o segundo estado em número de eleitores. São locais em que existem dois ou mais pré-candidatos aos governos locais na carta da base aliada.

O racha dos aliados nos estados preocupa o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. No fim do ano passado, ele já havia reconhecido a dificuldade em unir legendas que compõem o apoio do governo federal em todos os estados, mas alertou que a divisão pode enfraquecer a candidatura da ministra Dilma.

Lula chegou a fazer um apelo para que, caso a base não consiga se unir nas eleições estaduais deste ano, ao menos se mantenha coesa em torno da candidatura presidencial de sua candidata à sucessão. Lula chegou a admitir que, por mais que a orientação seja de dar prioridade ao projeto nacional, questões regionais têm prevalecido. Um dos nós políticos mais complicados de desatar é o do palanque em Minas Gerais, reduto do governador tucano Aécio Neves, que é da oposição.

Três candidatos da base petista no estado já manifestaram o desejo de concorrer ao Palácio da Liberdade e afirmam que não irão desistir tão fácil da empreitada. Pelo PT-MG, são pré-candidatos o atual ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Patrus Ananias, e o ex-prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel. Já pelo PMDB, aliado de maior peso do PT na conjuntura nacional, concorre à vaga o ministro das Comunicações, Hélio Costa. Melhor colocado nas pesquisas, o PMDB mineiro diz ter o palanque ideal. “Vejo um só palanque em Minas. E vejo o PMDB com a cabeça de chapa”, disse o presidente do PMDB-MG, deputado federal Antônio Andrade.

Já o presidente estadual do PT em Minas, deputado federal Reginaldo Lopes, tem trabalhado com a hipótese de palanque duplo em Minas. Para tanto, tem levado os problemas da base ao Palácio do Planalto e negociado com a base mineira. “Acho que dois palanques amigáveis, com respeito mútuo, podem ser a melhor estratégia para a base do governo. Assim poderemos acomodar todos os aliados, e teremos a possibilidade de dois votos de legenda, com muito mais chances de levar o governo”, afirmou.

Mas, ao que tudo indica, essa promete ser uma briga de foice. Para a cúpula peemedebista, um palanque duplo não pode sequer ser cogitado. “Se a base não se unir no estado, perde a eleição estadual e enfraquece a eleição nacional”, disse o líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN). Sobre um eventual acordo em que o partido do candidato mais fraco abra mão da cabeça de chapa nos estados, Alves afirmou que o que existe é uma “proposta ética coerente e responsável de quem quer a vitória presidencial”. “Quanto menos conflitos, melhor. Não vamos tentar impor a candidatura, mas vamos fazer a apuração política de quem é o mais forte, pois o que queremos é unir. O critério tem de ser eleitoral”, ressalta.

Em Minas Gerais a necessidade de montar um palanque forte com nomes da base aliada ao governo federal é ainda maior. Os tucanos têm muita força no estado. O governador Aécio Neves, que conta com um alto índice de aprovação, desistiu recentemente de disputar com o governador paulista José Serra a candidatura à Presidência da República pelo PSDB e decidiu voltar-se completamente para a política mineira. Prometeu concorrer ao Senado e dedicar-se à eleição de seu atual vice, Antônio Anastasia (PSDB), para o Executivo local.

Unificação
As negociações entre petistas e peemedebistas nesses estados devem se intensificar até março. A intenção de negociadores dos dois partidos é não apenas unificar os palanques mas fazer ainda com que os pré-candidatos que desistirem da disputa apoiem o nome que prevalecer. O Rio de Janeiro será usado como exemplo. Naquele estado, o prefeito de Nova Iguaçu, Lindberg Farias (PT), concordou em apoiar a reeleição de Sérgio Cabral, do PMDB. Depois de muito insistir em ser indicado pelo partido para disputar o governo, Lindberg foi convencido a concorrer a uma vaga no Senado.

"Quanto menos conflitos, melhor. Não vamos tentar impor a candidatura, mas vamos fazer a apuração política de quem é o mais forte, pois o que queremos é unir. O critério tem de ser eleitoral"

Henrique Eduardo Alves, Líder do PMDB na Câmara

http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia182/2010/01/25/politica,i=168826/CUPULAS+DO+PT+E+DO+PMDB+TENTAM+COSTURAR+ACORDOS+EM+ESTADOS+QUE+TEM+MAIS+DE+UM+CANDIDATO.shtml

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