28 de jan. de 2010

Oposição vê objetivo 'eleitoreiro'

Partidos questionam desautorizações de Lula aos órgãos fiscalizadores

Estadão - Rosa Costa

BRASÍLIA
Os partidos da oposição acusaram ontem o presidente Luiz Inácio Lula da Silva de manipular o Orçamento da União de 2010 com fins eleitorais. Parlamentares do DEM e do PSDB afirmaram que a exclusão de investimentos da Petrobrás da "lista negra" de obras irregulares do Tribunal de Contas da União (TCU), proibidas de receber dinheiro do orçamento, visa favorecer a candidatura presidencial da ministra-chefe da Casa Civil, a petista Dilma Rousseff.

Para o deputado Gustavo Fruet (PDSB-PR), a decisão do presidente Lula é uma espécie de aval para que os demais candidatos e seus patronos sigam o seu exemplo. "Será uma campanha próxima do vale-tudo", resume Fruet.

Na avaliação do senador Demóstenes Torres (DEM-GO), o que está em jogo "é a tentativa desesperada e alucinante de eleger a ministra", a ponto de Lula desautorizar órgãos como a Controladoria-Geral da União (CGU), que é contrária à liberação de recursos para obras irregulares, e o Tribunal de Contas da União (TCU), que já se manifestou contrário, entre outras, às obras da Petrobrás e à criação de mais cargos de confiança no País.

"O presidente Lula prefere obras concluídas a preços exorbitantes, superfaturados e nitidamente viciados do que cumprir determinações pela moralidade pública", criticou Demóstenes.

Ontem, o DEM divulgou nota apontando o que considera "mais um grave crime praticado pelo governo federal com o dinheiro público". O partido anunciou que adotará as medidas cabíveis para anular os efeitos dos vetos de Lula à lei orçamentária, aprovada pelo Congresso. "O veto é que, nunca antes na história desse país, desdenhou-se tanto da atividade fiscalizadora desempenhada pelo Congresso Nacional e pelo Tribunal de Contas da União", diz a nota.

FAVORECIMENTO

Além de assegurar o apoio de governadores dos Estados onde estão as obras suspeitas da Petrobrás, como Rio de Janeiro, Pernambuco, Paraná e Espírito Santo, o senador Álvaro Dias (PSDB-PR) prevê que a ministra Dilma Rousseff, candidata do presidente Lula à Presidência, será igualmente favorecida pelas doações das empreiteiras responsáveis por esses empreendimentos. "Não há como deixar de ver indícios de que seu interesse facilita as doações para campanha", afirma Dias. "Tudo isso aí tem um viés eleitoreiro, tem os olhos voltados para as eleições."

Para o presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), cabe à ministra Dilma - "que é sempre tão corajosa" - dizer se considera ou não autoritária a iniciativa do presidente da República de romper o acordo feito com a oposição para votar o Orçamento, derrubando pontos essenciais para sua aprovação no Congresso.

"Fala, ministra, é essa a democracia do presidente Lula", declarou Guerra. "Como é que fica o Congresso com essa desautorização?", questionou o tucano.

http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20100128/not_imp502672,0.php

Nenhum comentário:

Postar um comentário