27 de jan. de 2010

Para pressionar petistas, reeleição de Temer à presidência do PMDB será um mês antes

Correio Braziliense - Ricardo Brito | Tiago Pariz

A cúpula do PMDB formaliza hoje, na reunião da Executiva Nacional, a antecipação em um mês da reeleição do presidente da Câmara, Michel Temer (SP), para mais dois anos à frente do partido. A prorrogação do mandato de Temer, acertada ontem à noite num jantar oferecido por ele a senadores e ministros peemedebistas, é um movimento para fortalecê-lo nas costuras de sua indicação para ser candidato a vice na chapa presidencial da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT). A votação estava marcada inicialmente para 6 de março. A nova data é 6 de fevereiro.

De última hora, um movimento do grupo independente e oposicionista, capitaneado pelo presidente do diretório do PMDB paulista, o ex-governador Orestes Quércia, além do governador do Paraná, Roberto Requião, que controla a legenda no estado, e do governador de Santa Catarina, Luiz Henrique, tentou manter a data original. Luiz Henrique, inclusive, ligou para Temer sugerindo-lhe o recuo pelo bem da unidade do partido. Temer viu a ideia com bons olhos e prometeu apoiá-la.

Os aliados do presidente da Câmara bateram o pé pela antecipação, decidida desde a quarta-feira da semana passada em jantar promovido pelo próprio Temer com a presença de caciques da Câmara e do Senado. Eles concordaram apenas em limitar a discussão partidária à prorrogação do mandato de Temer, licenciado desde março passado do comando partidário. Não haveria decisões sobre apoio à Dilma ou à candidatura própria.

“Ganha o bom senso. Em ano eleitoral, mostramos que somos um partido organizado e com uma Executiva equilibrada”, afirmou o líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN). “Não vamos discutir a candidatura da Dilma ou a própria. Vamos armar o time para o adversário, que vem forte”, completou o líder. “O PMDB vai jogar para ganhar”, reforçou o deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), aliado de Temer.

Tríplice
A decisão de antecipar em um mês a reeleição da cúpula do partido é uma jogada para acabar com a resistência de setores do PT ao nome de Temer. No fim do ano passado, o presidente Lula declarou que o PMDB deveria apresentar uma lista com três nomes. A declaração caiu como bomba no colo dos peemedebistas, já que o presidente da Câmara, para os correligionários, é o político que mais agregaria apoio na legenda para ser vice.

No fim de semana, na reunião da principal corrente do PT em São Roque (SP), o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu botou mais fogo na divergência. Defendeu novamente a ideia da lista tríplice, dizendo que a decisão sobre o melhor nome para vice cabe ao candidato e não ao aliado. No encontro, petistas aventaram a possibilidade de indicar à vaga o deputado e ex-ministro Ciro Gomes (PSB-CE). A razão para a resistência ao nome de Temer estaria na dificuldade dele em agregar votos para Dilma.

O PMDB rebate e sustenta que, na verdade, o que importa na aliança presidencial é a unidade e a força do partido, o maior do país em número de filiados, prefeituras e governos estaduais. Mas há peemedebistas que compraram a tese de parte do PT. Nos bastidores, os ministros das Comunicações e de Minas e Energia, Hélio Costa e Edison Lobão, tentam se cacifar como alternativas viáveis a Temer.

No jantar de ontem, também ficou acertado a volta dos senadores do PMDB para compor a direção do partido – eles haviam boicotado à última eleição do presidente da Câmara.

"Vamos armar o time para o adversário, que vem forte"
Henrique Eduardo Alves (RN), líder do PMDB na Câmara

http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia182/2010/01/27/politica,i=169354/PARA+PRESSIONAR+PETISTAS+REELEICAO+DE+TEMER+A+PRESIDENCIA+DO+PMDB+SERA+UM+MES+ANTES.shtml

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