Peemedebistas consideram obrigatório pacto em Minas, Rio, Ceará, Pará e MS
Estadão - Denise Madueño e Vera Rosa, BRASÍLIA
Dezesseis dias após firmarem compromisso para o casamento eleitoral em 2010, o PT e o PMDB buscam solução para divergências na montagem de palanques conjuntos em cinco pontos-chave. Na primeira reunião realizada ontem entre as cúpulas das duas legendas para acertar os ponteiros, ficou decidido que o trabalho de aproximação nos Estados terá a participação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Os partidos analisaram os cinco Estados onde o acordo será fundamental para o PMDB garantir a formalização da aliança. A sigla fez as contas e alertou os petistas de que o acerto será imprescindível em Minas Gerais, Rio de Janeiro, Ceará, Pará e Mato Grosso do Sul.
Sem esses Estados ou sem a parte deles, o PMDB não poderá "entregar a mercadoria" que prometeu, ou seja, a aliança formal com o PT aprovada na convenção. Esses cinco Estados somam 318 votos dos cerca de 800 que serão dados pelos convencionais que se reunirão em junho do próximo ano.
Na reunião, os representantes do PMDB constataram que, se apenas dois desses Estados se negarem a apoiar a aliança nacional, o partido não terá como concretizar o acordo firmado em 20 de outubro sob a coordenação do presidente Lula. A intenção do partido é conseguir mais de 80% dos votos dos convencionais a favor da aliança com o PT. Uma maioria simples, entendem os peemedebistas, provocaria desgaste interno e divisão na campanha.
"Ainda não há acordo para os problemas regionais", admitiu o líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN). "Sabemos, porém, que as soluções não podem demorar nem atravessar o ano." No mapa de votos, o PMDB descarta o apoio dos convencionais do Rio Grande do Sul, de Santa Catarina, de Pernambuco, do Acre e da metade de São Paulo, controlado pelo ex-governador Orestes Quércia. O partido avalia que nesses Estados a aliança a favor da candidata Dilma Rousseff só receberá votos pulverizados.
Em alguns Estados, onde o controle da cúpula nacional é forte, o número de votos é pequeno, o que aumenta a necessidade de conseguir o apoio do grupo dos cinco Estados. O presidente do Senado, José Sarney, por exemplo, tem o comando dos convencionais do Amapá, mas são apenas 4 votos. O líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros, tem os 12 votos de Alagoas. O mesmo acontece com os convencionais de Roraima sob o comando do senador Romero Jucá (PMDB): são 6.
O comando do PT pediu mais prazo para tentar enquadrar seus pares. Petistas alegam ser preciso esperar a eleição que renovará as direções nacionais, estaduais e municipais do partido, no próximo dia 22. Na prática, a eleição interna pode mudar a correlação de forças no partido e influenciar na definição das candidaturas petistas.
Em Minas, Lula já disse que não quer prévia entre o ministro do Desenvolvimento Social, Patrus Ananias, e o ex-prefeito Fernando Pimentel, de Belo Horizonte, para a escolha do candidato que disputará a cadeira do governador Aécio Neves (PSDB). Tanto o grupo de Patrus como o de Pimentel brigam pelo controle regional do PT, na tentativa de se fortalecer para a prévia.
Além da divergência doméstica, a cúpula do PT tem de resolver outro problema: o ministro das Comunicações, Hélio Costa (PMDB), quer ser candidato ao governo mineiro. Presente à reunião de ontem, Costa propôs que o PT e o PMDB cheguem a um acordo com base em pesquisas de intenção de voto. Pela sua sugestão, o pré-candidato que estiver na dianteira até março deve liderar a chapa. O critério tem o apoio da cúpula do PMDB e de parte do PT que sabe da necessidade de ter o aliado mineiro na aliança.
"Não negamos os problemas, mas temos toda a disposição de resolvê-los", disse o secretário-geral do PT, deputado José Eduardo Martins Cardozo (SP). "O presidente Lula terá muito a contribuir nessa operação." As cúpulas do PT e do PMDB também decidiram formar um fórum para discutir diretrizes do programa de governo de Dilma e a agenda da candidata.
http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20091105/not_imp461426,0.php
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