6 de nov. de 2009

"Efeito Ciro" implode grupo de Marta em São Paulo

JOSÉ ALBERTO BOMBIG
da Folha de S.Paulo

O grupo político ligado à ex-prefeita Marta Suplicy, hegemônico no PT paulista há pelo menos seis anos, está próximo da dissolução por conta da disputa envolvendo a candidatura da sigla ao governo do Estado e dos planos da ex-prefeita de concorrer a uma vaga na Câmara dos Deputados em 2010.

Parte dos principais "martistas", como são chamados internamente os apoiadores da ex-prefeita, se empenhou em pavimentar o caminho para que Ciro Gomes (PSB-CE) tenha o apoio do PT na disputa pelo Palácio dos Bandeirantes.

Marta, no entanto, trabalha por uma candidatura própria da sigla, de preferência a do deputado federal e ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci, que seria uma espécie de herdeiro natural, na visão da ex-prefeita, do comando de seu grupo.

No mês passado, Marta afirmou que Ciro "não tem nada a ver com São Paulo".

Líder do PT na Câmara dos Deputados, Cândido Vaccarezza (SP), por exemplo, alega que Ciro poderia ajudar Dilma Rousseff (pré-candidata do PT ao Planalto) e concorrer com chances de vitória no Estado.

"É nessa medida, a de um palanque forte para a Dilma e de um nome forte junto ao eleitor, que a candidatura de Ciro Gomes ganha força", diz Vaccarezza --que sempre foi identificado como um "martista".

A posição de Vaccarezza é compartilhada internamente pelos também deputados federais José Mentor, Devanir Ribeiro e Jilmar Tatto, expoentes da gestão de Marta na Prefeitura de São Paulo (2001-2004).

Ao lado da ex-prefeita na defesa de Palocci como pré-candidato permaneceram Rui Falcão, líder do partido na Assembleia paulista, Antonio Donato, vereador na capital, e Carlos Zaratini, deputado federal, os três ex-secretários de Marta.

"Entendo que o PT deva apresentar uma candidatura própria aos aliados, e acho que o Palocci é nosso melhor nome, mas reconheço que hoje há um importante movimento pró-Ciro", afirmou Donato.

Vaga aberta

Palocci se reuniu recentemente com seus correligionário em São Paulo e disse que não pretende se colocar como pré-candidato antes que Ciro decida qual eleição irá disputar --o Palácio do Planalto ou o Palácio dos Bandeirantes.

Na prática, isso significa que o PT ficará sem ter um nome para trabalhar eleitoralmente até o início do ano que vem, quando o deputado do PSB deverá tomar sua decisão.

A despeito da recusa de Palocci, seus correligionários vão inscrevê-lo como pré-candidato no diretório estadual.

Na avaliação dos que tentam convencer o deputado petista a entrar na disputa, uma eventual candidatura Ciro ao governo paulista poderá criar um novo polo de oposição ao PSDB no Estado, vaga hoje automaticamente ocupada pelo PT.

A outra opção anti-Ciro aventada no PT seria convencer Marta a concorrer novamente ao governo, mas a ex-prefeita já avisou o seu entorno que pretende se candidatar novamente a deputada federal.





http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u648512.shtml

Nenhum comentário:

Postar um comentário