3 de nov. de 2009

Em crise no Rio, oposição deixa Serra sem palanque

O PSDB está apreensivo com esta possibilidade.

AVOL

O senador Sérgio Guerra (PE), presidente do PSDB, desembarca nesta quarta (4) no Rio de Janeiro.

Vai cuidar de um infortúnio que assedia a candidatura presidencial de José Serra no segundo maior colégio eleitoral do país: a falta de palanque.

A oposição planejara fazer de Fernando Gabeira (PV) o seu candidato ao governo do Rio. Iria às urnas com o apoio do PSDB, do DEM e do PPS.

Em diálogo que manteve com o tucano Marcio Fortes, homem de Serra no Rio, Gabeira avisou que vai concorrer ao Senado, não ao governo.

A conversa ocorreu há mais de um mês. Gabeira disse a Fortes que avisava com antecedência para que Serra pudesse “encontrar uma saída”.

Ao desembarque de Gabeira seguiu-se um congelamento das articulações, só agora retomadas, com atraso, por Sérgio Guerra.

O tucanato fluminense vive um pesadelo semelhante ao drama que atormenta o petismo paulista.

Em São Paulo, o petista mais bem-posto, Antonio Palocci, amealha escassos 5% nas pesquisas.

Para prover um palanque para sua candidata, Dilma Rousseff, Lula sonha empurrar Ciro Gomes (PSB) da arena nacional para a estadual.

O caso do PSDB no Rio é mais grave. Não há, por ora, uma alternativa a Gabeira. A oposição jogara todas as suas fichas no deputado verde.

A coisa parecia caminhar bem. Em 1º de setembro, numa reunião reservada ocorrida na casa do ex-prefeito Cesar Maia (DEM), Gabeira soara decidido.

Concorreria ao governo. Escolhera até o vice: o deputado estadual Luiz Paulo Corrêa da Rocha (PSDB). Agendara-se a data do lançamento: 15 de setembro.

Sobreveio a transferência de Marina Silva do PT para o PV. Gabeira ensaiara a montagem de um palanque duplo. Recepcionaria Serra e Marina.

Súbito, o prefeito tucano de Caxias, José Camilo Zito dos Santos, pôs-se a fustigar Gabeira. Apresentou-se como alternativa do PSDB ao governo do Estado.

Ao farejar o cheiro de queimado, Gabeira levou o pé atrás. E Serra, hoje com mais cara de candidato do que Aécio Neves, tornou-se, no Rio, um sem-palanque.

Tudo isso num Estado em que Lula administra o excesso de palanques. Dilma Rousseff precisa de um. Dispõe de três.

Além do tablado reeleitoral de Sérgio Cabral (PMDB), o preferido de Lula, oferecem palco para Dilma: Lindberg Farias (PT) e Anthony Garotinho (PR).

Na seara oposicionista, há a ex-deputada Denise Frossard (PPS). Na disputa de 2006, não fizera feio. Perdera para Cabral no segundo turno.

Agora, porém, a ex-juíza Denise se diz desencantada com a política. Nem ao Congresso deseja concorrer.

Haveria a opção Cesar Maia (DEM). Mas o ex-prefeito direcionou seus esforços para o Senado. E alega que já não haveria tempo para a troca de planos.

Ouça-se o que disse ao repórter um mandachuva do DEM-RJ: “Meses atrás, a candidatura do Cesar Maia ao governo seria um sacrifício. Hoje, é suicídio”.

É essa atmosfera envenenada que Sérgio Guerra vai respirar desde o desembarque. Ou encontra um candidato ou se arrisca a fazer do Rio uma Waterloo tucana.

Escrito por Josias de Souza da Folha Online

http://www.antonioviana.com.br/2009/site/ver_noticia.php?id=60878

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