Enquanto oposição atribui cautela à indefinição de presidenciável, crítica mais dura a Lula vem de fora dos partidos
Estadão - Marcelo de Moraes, Brasília
Setores da oposição reconhecem que a popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a falta da definição de um candidato oposicionista à sua sucessão têm dificultado a tarefa de se contrapor ao Planalto. Na prática, as manifestações contrárias aos interesses do governo federal mais duras não têm partido do Congresso.
É fato que a crítica mais contundente das atividades de Lula e da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, durante a visita a obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), em cidades próximas do Rio São Francisco, no Nordeste, não partiu de políticos do PSDB, DEM ou PPS. Ela coube ao presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, que apontou o tom de campanha da viagem e a classificou de "vale-tudo" eleitoral.
"Durante essa viagem, eu ocupei a tribuna do plenário todos os dias para criticar a passagem do presidente Lula e da ministra Dilma pelo Rio São Francisco. Falei claramente que era um ato de campanha antecipada, que os gastos com as obras eram muito baixos, mas não houve visibilidade para essas críticas", afirma o líder do PSDB na Câmara, José Aníbal (SP).
Já o deputado e também tucano Luiz Carlos Hauly (PR) busca argumentos em outra direção. "A oposição atual não é irresponsável como foi o PT durante os oito anos do governo Fernando Henrique. Somos uma oposição civilizada, que não atrapalha a governabilidade como eles fizeram. Mas tenho certeza que a população entende que representamos projetos de governo absolutamente diferentes e que podemos oferecer um salto de qualidade com a vitória da nossa candidatura."
POPULARIDADE
Presidente do DEM, o deputado Rodrigo Maia (RJ) admite ser complexo fazer oposição a um presidente que é "o mais popular desde Getúlio Vargas". Mas defende a tese de que a oposição deve colar cada vez mais os problemas do governo na imagem de Lula.
"Prosperou na oposição a tese de que não deveríamos bater na figura do presidente Lula. Para mim, é um equívoco que não será repetido. Porque se a saúde vai mal, se a segurança pública enfrenta graves problemas, a culpa não é apenas do governo federal. É do presidente Lula. Porque é o governo dele que tem graves problemas nessas áreas e em várias outras", diz.
"Sei que é difícil criticar alguém que tem avaliação positiva de 80%, mas é nosso dever baixar esse índice para pelo menos 50% ou 60% mostrando quais são os problemas de seu governo e como as falhas de gestão são de responsabilidade do presidente. Claro que a ausência na definição de um candidato torna isso mais complicado. Porque não adianta propormos uma estratégia de ação e o candidato depois não concordar com isso", acrescenta o presidente do DEM.
http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20091105/not_imp461424,0.php
5 de nov. de 2009
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