17 de mar. de 2010

Mesmo com estagnação em pesquisa, PSB continua disposto a lançar Ciro

GABRIELA GUERREIRO
da Folha Online, em Brasília

Líderes do PSB minimizaram nesta quarta-feira a estagnação da candidatura do deputado Ciro Gomes (PSB-CE) ao Palácio do Planalto, como mostra pesquisa CNI/Ibope divulgada hoje. O presidente do PSB, governador Eduardo Campos (PE), disse que o partido mantém a disposição em lançar o nome de Ciro à corrida presidencial --mesmo com a pressão do Palácio do Planalto para que o parlamentar retire a sua candidatura.

"A posição do partido é ter candidatura própria. A avaliação do PSB continua a ser o que sempre fez: de termos no campo do governo duas candidaturas para que a gente possa garantir que o projeto do presidente Lula vai se aprofundar guardando os princípios de que é necessário aprofundar mudanças que o presidente Lula anunciou em 2003", afirmou.

Irmão de Ciro Gomes, o governador Cid Gomes (PSB-CE) disse que os resultados da pesquisa mostram que o parlamentar continua na disputa ao Palácio do Planalto. "Qual a margem de erro? Dois pontos? Então ele permaneceu estável, ou pode até ter subido dois pontos", disse.

A pesquisa CNI/Ibope divulgada hoje mostra que Ciro caiu de 13% para 11% se comparado com os índices divulgados em novembro. Como a margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou menos, os números mostram que Ciro ficou estável na disputa.

Cid Gomes disse que Ciro tem "disposição pessoal" em ser candidato à Presidência da República, por isso o partido considera "importante" que mantenha seu nome na corrida presidencial. "O Ciro tem disposição pessoal de ser candidato e o partido considera importante a sua candidatura. A partir dessas duas delegações, dele próprio e do partido, ele está trabalhando. O partido já deliberou sobre isso", afirmou.

O governador disse que, se houver recuo na candidatura de Ciro, a decisão será tomada pelo próprio PSB. "O partido, num dado momento, e esse momento não foi revisto ainda, entende que a candidatura do Ciro é importante para o país e para o partido. Não há nenhuma alteração. Se houver daqui a uma semana, um mês ou dois meses, será da instância legítima para isso. Quem delega candidatura é o partido. Naturalmente, tem o candidato se dispor, mas é o partido que delibera."

Encontro

Eduardo Campos disse que o PSB deve adiar para o dia 15 de abril o encontro da legenda com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para discutir a candidatura Ciro Gomes. O encontro, previsto inicialmente para ocorrer no final de março, deve selar o destino político do deputado nas eleições de outubro. Até lá, o PSB ganha tempo para negociar com Ciro uma solução para superar o impasse em que se transformou a sua candidatura.

Nos bastidores, o presidente Lula trabalha para que Ciro dispute o governo de São Paulo com o apoio do PT. O presidente teme que a dupla candidatura da base governista ao Palácio do Planalto prejudique a pré-candidata do PT.

Os petistas, porém, já dão como descartada a candidatura de Ciro ao governo do Estado depois que o parlamentar disparou críticas à legenda. O presidente do PT, José Eduardo Dutra, sinalizou que não aposta mais na possibilidade de o deputado se candidatar ao governo de São Paulo.

Ciro chegou a acenar que poderia concordar, chegando até a transferir seu domicílio eleitoral do Ceará para São Paulo. No entanto, além de reiterar sua disposição de concorrer ao Palácio do Planalto, nos últimos dias o parlamentar atacou líderes do PT paulista.

"O Ciro resolveu bater na gente, então deixa ele seguir a vida dele", afirmou Dutra à agência de notícias Reuters. Em entrevista à Folha, Ciro admitiu que a sua candidatura ao governo de São Paulo seria artificial. Segundo ele, o PT é um "desastre" em São Paulo, o que irritou os petistas, em especial os do Estado.

http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u708271.shtml

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