18 de mar. de 2010

Meirelles diz estar "totalmente focado" no BC, mas não descarta candidatura

GABRIELA GUERREIRO
da Folha Online, em Brasília

O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles (PMDB), disse nesta quinta-feira que está "totalmente focado" em seu trabalho à frente da instituição, mas não descartou uma eventual candidatura às eleições de outubro.

Após participar de reunião da cúpula do PMDB, Meirelles disse que não discutiu a possibilidade de se afastar do Banco Central para concorrer às eleições. "Não discutimos esse assunto [licença]. No momento, estou totalmente focado lá no Banco Central", afirmou.

O peemedebista vai participar das discussões do PMDB para a elaboração do programa de governo do partido que será apresentado à pré-candidata do PT ao Palácio do Planalto, ministra Dilma Rousseff.

A expectativa é que o presidente do Banco Central elabore a parte econômica do programa, que será finalizado até o dia 8 de maio.

"Hoje foi a primeira reunião do grupo que vai redigir a proposta de plano de governo do PMDB. Uma reunião de definição de funções, prazos e organização da estrutura do trabalho. Acho que foi reunião muito objetiva, prática, esperamos que dê a contribuição feita no futuro governo por parte do partido", afirmou.

Meirelles é cotado para disputar a vice-presidência na chapa de Dilma, uma vaga ao Senado ou mesmo concorrer ao governo de Goiás. O peemedebista, no entanto, desconversa sempre que é questionado sobre a possibilidade de se desincompatibilizar do governo para concorrer às eleições de outubro.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defende a permanência de Meirelles até o final do seu governo no comando do Banco Central, mas nos bastidores revelou a interlocutores que também simpatiza com o nome do peemedebista para disputar a vice na chapa de Dilma.

A cúpula do PMDB quer indicar o presidente do partido, Michel Temer (PMDB-SP), para fazer a dobradinha com a petista em outubro, mas setores do PT defendem um nome mais ligado ao mercado financeiro --como é o caso de Meirelles.

Por meio de seu porta-voz, o presidente Lula disse que deseja que o presidente do Banco Central continue no cargo até o final do governo.

Meirelles tem até o dia 2 de abril para sair do governo se quiser ser candidato, como determina a lei eleitoral. O peemedebista é visto como um nome que indicaria um compromisso de Dilma com a continuidade da política econômica adotada por Lula.


Indiciamento

Na semana passada, o presidente do BC foi indiciado por supostos crimes contra a ordem tributária. O inquérito, encaminhado para o STF (Supremo Tribunal Federal), está sob a responsabilidade do ministro Joaquim Barbosa --também relator do mensalão.

A investigação no STF está sob segredo de Justiça. O documento, de 105 páginas, foi enviado para o Supremo porque, como presidente do BC, Meirelles tem foro privilegiado por ter status de ministro desde 2004.

Barbosa deve designar diligências para aprofundar a apuração do caso, o que poderá ser feito pela Polícia Federal. Só depois o Ministério Público Federal poderá ou não apresentar denúncia contra o presidente do BC.

http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u708679.shtml

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