31 de mar. de 2010

Em carta, Suplicy confirma desistência de candidatura em SP e defende prévias

GABRIELA GUERREIRO
da Folha Online, em Brasília

Em carta encaminhada nesta terça-feira aos defensores de sua candidatura ao governo de São Paulo, o senador Eduardo Suplicy (PT) admite que desistiu de disputar com o senador Aloizio Mercadante (PT) a candidatura ao Palácio dos Bandeirantes por não contar com o apoio do comando da legenda.

Depois de anunciar a retirada da sua pré-candidatura, Suplicy defende na carta que o PT institua a política de prévias dentro do partido para a escolha de seus candidatos nas eleições majoritárias.

"O PT, único partido que escolhe seus dirigentes por eleições diretas, terá muito a ganhar no futuro se praticar o sistema de prévias de maneira construtiva e respeitosa entre nossos candidatos. Agora, entretanto, estou ciente de que o tempo está escasso", afirmou.

Suplicy admite, na carta, que estava animado para disputar o governo de São Paulo, mas abriu mão da candidatura após ser pressionado pelo comando do PT no Estado.

"A direção estadual pediu-me, unanimamente, para abrir mão da pré-candidatura ao governo. Por mais entusiasmado que possa ter sido o apoio de todos que assinaram o manifesto a meu favor, me dei conta que não faria sentido manter meu nome como candidato, quando a própria direção, que tem a responsabilidade de administrar a campanha, me pede para não sê-lo."

O petista disse que não estava disposto a criar uma "tensão" dentro do partido insistindo na sua pré-candidatura, já que teria que disputar prévias com Mercadante para definir o candidato.

O petista agradeceu, na carta, o apoio recebido por militantes petistas favoráveis à sua candidatura ao governo de SP. "Tenham a certeza de que seus esforços significam uma sinergia muito importante para a história de nosso partido e para os ideais que são comuns a todos que abraçaram estas causas. Estou certo de ter cumprido o que minha consciência ditava como meu dever", afirmou.

Mercadante agradeceu no Twitter a decisão de Suplicy retirar sua pré-candidatura. "Os apoios que tenho recebido, no gesto companheiro do prefeito Emídio [prefeito de Osasco] e solidário do meu amigo Suplicy, me sensibilizaram muito", escreveu.

O partido enalteceu a decisão de Suplicy. "Ele retirou a candidatura. Foi um gesto nobre. Ele reconheceu que era preciso ter unidade partidária", disse o presidente do PT-SP, Edinho Silva.

Segundo Edinho, o PT lançará a candidatura de Mercadante no final de abril. "O partido resolveu repetir a candidatura de Mercadante porque isso ajuda a acumular no processo eleitoral", afirmou.

Entre os argumentos usados por Edinho para defender a escolha de Mercadante está o fato do senador ter sido um dos mais votados da história de São Paulo.

Pesquisa

Pesquisa Datafolha divulgada esta semana mostrou que Suplicy superava Mercadante nas intenções de voto. Ambos, entretanto, estão atrás do tucano Geraldo Alckmin. Contra Alckmin, Suplicy aparece com 19% das intenções de voto; Mercadante tem 13%.

Na semana passada, partidos como PDT, PRB, PC do B e PR fecharam apoio à pré-candidatura de Mercadante. As legendas, que fazem oposição ao governo José Serra (PSDB), também decidiram apoiar as pré-candidaturas ao Senado da ex-prefeita de São Paulo Marta Suplicy e do vereador Netinho de Paula (PC do B). O candidato a vice na chapa deve ser indicado pelo PDT.

O PT ainda tenta o apoio do PSB, mas o mais provável é que o candidato do partido seja Paulo Skaf (PSB), presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).

http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u714199.shtml

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