Raymond Colitt e Natuza Nery
BRASÍLIA (Reuters) - A candidata governista à Presidência, Dilma Rousseff (PT), ainda tem uma boa chance de vencer a eleição presidencial no primeiro turno, no próximo domingo, apesar de escândalos recentes que afetaram sua campanha, mostraram duas pesquisas divulgadas nesta quarta-feira.
Os dois levantamentos mostraram Dilma confortavelmente acima dos 50 por cento dos votos válidos, que ela precisa para evitar um segundo turno no dia 31 de outubro contra José Serra (PSDB) e para se tornar a primeira mulher presidente do Brasil.
A ex-ministra-chefe da Casa Civil do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva caiu 3 pontos percentuais na pesquisa realizada pelo instituto Sensus, para 47,5 por cento. Ela, no entanto, ainda tem 54,7 por cento dos votos válidos, quando são excluídos os brancos e nulos, de acordo com o levantamento, encomendado pela Confederação Nacional do Transporte (CNT)
Dilma aparece com 55 por cento dos votos válidos em uma outra pesquisa, realizada pelo Ibope por encomenda da Confederação Nacional da Indústria (CNI), mesmo patamar em que estava na pesquisa deste instituto na semana passada
Serra, ex-governador de São Paulo, não conseguiu tirar vantagem da perda de fôlego de Dilma e perdeu 1 ponto percentual, para 27 por cento no levantamento do Ibope, encomendado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), e registrou 25,6 por cento na sondagem do Sensus.
A ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva, candidata do PV, que tem poucas chances de chegar a um eventual segundo turno, ficou com a maioria dos votos perdidos pelos adversários nas pesquisas recentes. Ela subiu quase 3 pontos, para 11,6 por cento na pesquisa Sensus, e 1 ponto, para 13 por cento, no Ibope.
Dilma, que aos 62 anos disputa sua primeira eleição, tem se aproveitado da popularidade de Lula e do bom momento econômico para liderar em todas as pesquisas.
De acordo com o Sensus, somente 4 por cento dos eleitores desaprovam o governo Lula, numa sinalização da batalha enfrentada por Serra nesta eleição.
Dilma viu sua vantagem ser reduzida recentemente, em meio a denúncias de corrupção que levaram à demissão de sua ex-assessora Erenice Guerra do comando da Casa Civil.
EFEITO DE ESCÂNDALOS PERDEM FORÇA?
Os 55 por cento dos votos válidos para Dilma representam 6,3 milhões de votos acima da marca dos 50 por cento, segundo o diretor do Sensus, Ricardo Guedes. Para ele, os efeitos de denúncias de corrupção é limitado e é improvável que anule a vantagem de Dilma.
"Um tipo de fadiga da corrupção está se estabelecendo", disse Guedes, acrescentando que os eleitores de menor renda e de menor escolaridade estão decididos em seu apoio a Dilma por conta das medidas adotadas no governo Lula que agudaram a tirar milhões de pessoas da pobreza.
Rafael Lucchesi, diretor da CNI, faz raciocínio semelhante. "(O caso Erenice) pode ter tido um impacto grande na opinião pública, mas não se refletiu objetivamente no quadro eleitoral."
Uma pesquisa do Datafolha divulgada na terça-feira mostrou perda de apoio a Dilma na classe média, aumentando as chances de a eleição ser decidida no segundo turno .
As duas pesquisas divulgadas nesta quarta-feira mostram que Dilma venceria Serra facilmente num eventual segundo turno, com vantagem de cerca de 20 pontos percentuais.
O Ibope ouviu 3.010 pessoas entre os dias 25 e 27 de setembro. A margem de erro da pesquisa é de 2 pontos percentuais. O Sensus entrevistou 2 mil pessoas entre os dias 26 e 28 de setembro e a margem de erro de seu levantamento é de 2,2 pontos percentuais.
http://br.reuters.com/article/domesticNews/idBRSPE68S0O520100929
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