UOL
Fernando Rodrigues
"Vou colocar um blaser", diz um sorridente Aécio Neves, 50 anos, antes de começar a falar ao UOL e à Folha ontem de manhã em seu apartamento em Belo Horizonte. De calça jeans e camisa sem gravata, ele transmite tranquilidade. Está com 67% de intenção de votos para se eleger ao Senado. Seu candidato ao governo de Minas Gerais, Antonio Anastasia (PSDB), lidera as pesquisas.
Animado com o resultado do Datafolha indicando a possibilidade de haver segundo turno na disputa presidencial, o tucano sentencia sobre o que fazer depois de 3 de outubro na campanha de seu correligionário José Serra: "Nós teremos de dar um freio de arrumação".
Como assim? Para Aécio, é preciso usar mais líderes regionais na campanha presidencial do PSDB. Por exemplo, os eventuais governadores eleitos no primeiro turno, como o paulista Geraldo Alckmin e o mineiro Anastasia. "Isso pode ser uma alavanca vigorosa para o Serra no segundo turno".
O que Aécio chama de "freio de arrumação" seria também "uma politização maior da campanha" e "um diálogo mais permanente". Ou seja, mais gente do partido sendo ouvida para tomar as decisões estratégicas. Até agora, não é o que se passa no QG serrista. "Eu não culpo o Serra por isso. A campanha tem sua dinâmica. O Serra está se desdobrando. Quem acompanha o Serra tem de reconhecer o esforço pessoal que ele está fazendo. Com a cara boa, por mais que alguns achem que isso seja difícil, mas com a cara boa onde ele vai".
Um dos principais líderes do PSDB, Aécio sinaliza como será seu comportamento moderado em 2011. "Nós não podemos mais, sejamos nós ou o PT, reeditar a oposição que o PT fez ao governo FHC e tampouco a oposição que o PSDB fez a projetos e ações que nós sempre defendíamos, mas que por sermos da oposição deixamos de defender [no governo Lula]".
A partir do ano que vem, seja governo ou oposição, o PSDB "tem que renovar-se". Para Aécio, o partido precisa renovar seu programa e dizer o que "pretende para os próximos 20 anos".
Num eventual segundo turno entre Dilma Rousseff (PT) e José Serra, Aécio considerar essencial atrair o apoio de Marina Silva (PV). "Mas não é apenas o apoio formal da candidata. É o PSDB se aproximar e incorporar algumas propostas do PV", defende.
http://eleicoes.uol.com.br/2010/ultimas-noticias/2010/09/29/aecio-neves-defende-mudancas-na-campanha-de-serra-em-eventual-segundo-turno.jhtm
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