28 de set. de 2010

Crescimento lento e contínuo de Marina é combustível para indefinição da eleição

Folha

ALESSANDRO JANONI
DIRETOR DE PESQUISAS DO DATAFOLHA

Em 12 dias, a candidata do PT, Dilma Rousseff, perdeu cinco pontos nas intenções de voto e a possibilidade de vitória no primeiro turno na eleição presidencial está agora dentro da margem de erro.

Nesse período, ela caiu de 57% para 51% dos votos válidos. Para a eleição antecipada, são necessários 50% mais um dos votos válidos.

E não foram só a queda de Erenice Guerra na Casa Civil e a revelação de quebra de sigilo fiscal do tucanato que influenciaram o cenário.

O Datafolha mostrou que esses casos atingiram especialmente segmentos da classe média que começavam a enxergar luz própria em Dilma, a despeito das críticas relacionadas ao apadrinhamento de Lula. A petista não conseguiu manter nesses estratos a aura conquistada.

Mudanças que acontecem somente em subconjuntos típicos de classe média são insuficientes para provocar alterações expressivas como as verificadas agora.

O crescimento lento e contínuo da candidata do PV, Marina Silva, em diferentes setores do eleitorado encontrou na queda recente e geograficamente homogênea de Dilma o combustível para a indefinição do processo.

Em pouco mais de 30 dias, Marina cresceu seis pontos entre as mulheres. Na última semana, Dilma perdeu cinco pontos nessa faixa. A mesma tendência se observa entre os que têm nível médio de escolaridade e renda entre 2 e 5 salários mínimos.

Nos segmentos mais fiéis ao presidente Lula, Marina também evoluiu, mas não de maneira tão expressiva.
Entre os que possuem renda familiar de até dois salários mínimos e entre os menos escolarizados, por exemplo, ganhou três pontos.

Se quiser lugar no segundo turno, a candidata deve adequar o discurso para abalar a blindagem lulista à candidatura Dilma nesses estratos mais populares.

É uma tarefa difícil, mas a candidata já demonstrou bom desempenho em debates, e quinta-feira haverá o confronto da TV Globo.

Caso contrário, o maior beneficiado pelo seu crescimento continuará sendo José Serra, que estacionou no patamar dos 28%. O tucano tem de torcer, ainda, para que os eleitores de Marina aprendam o número que devem digitar na urna para votar na candidata do PV, já que 67% deles ainda não sabem.

http://www1.folha.uol.com.br/poder/805585-crescimento-lento-e-continuo-de-marina-e-combustivel-para-indefinicao-da-eleicao.shtml

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