Diferença entre ela e Serra, contudo, ainda é expressiva
Correio Braziliense - Alice Maciel
“Tentaram me ignorar, mas agora não dá mais.” Com esse tom e apostando na chance de chegar ao segundo turno no domingo, a candidata do PV à Presidência, Marina Silva, tentou disseminar no eleitorado ontem, tanto em Belém quanto em Juiz de Fora (MG), a aura de otimismo que considera essencial para consolidar a “onda verde” na reta final da corrida presidencial. “Eu acredito na confiança dos cidadãos e cidadãs e na capacidade de cada um de querer um Brasil melhor”, disse “O Brasil vai decidir no segundo turno se quer a Silva ou uma Rousseff”, afirmou.
Marina atribuiu seu crescimento nas pesquisas ao posicionamento propositivo adotado na campanha, longe do vale-tudo eleitoral. A ex-ministra confia que pode vencer as eleições se passar da primeira rodada, por meio do horário eleitoral, que será o mesmo entre os dois concorrentes. “Com um minuto e vinte nós conseguimos mobilizar as pessoas e, com certeza, com o mesmo tempo, as pessoas vão poder tomar uma decisão com mais clareza, de forma mais confiante”, completou.
O problema de Marina é que a distância dela para José Serra, atualmente o segundo colocado nas sondagens eleitorais, é de mais de 10 pontos percentuais. Segundo Marina, as pesquisas não estão conseguindo alcançar a mobilização da população de todo país e captar o que chamou de onda verde. A candidata disse que nesta reta final não vai modificar a estratégia e negou tratar um candidato ou outro diferentemente. Segundo Marina, sua atitude é de explicitar seu posicionamento e de contribuir para que os concorrentes possam explicitar os seus. “Por que o PSDB e o DEM sempre fizeram críticas ao Bolsa Família e agora estão dizendo que vão dobrar e que vão dar o 13°? A pergunta que eu tenho feito é se fizeram uma auto-crítica ou se é só um discurso para ganhar eleição”, acrescentou.
Marina voltou a afirmar que se vencer o pleito não vai deixar nenhum partido de fora e vai governar o país com o melhor do PT, do PMDB, do PSDB e do DEM. Ela afirmou que vai oxigenar a política. “O país está cansado dessa briga entre vermelhos e azuis”, afirmou. Ela acredita que terá apoio dos dois lados. “Os militantes do PT estão incomodados com as alianças incoerentes que foram feitas e os do PSDB estão incomodados com o promessômetro que se transformou a candidatura de José Serra.”
Conquistas
A candidata disse ainda que vai manter as conquistas dos governos das duas legendas (PT e PSDB) , como o Bolsa Família e o Plano Real, respectivamente. “Mas vamos reparar os erros que hoje existem na educação, onde 40% das nossas crianças não chegam sequer à oitava série.” Além de Belém, Marina visitou Juiz de Fora. A ex-ministra, que é evangélica, participou de um encontro do Conselho de pastores e fez corpo a corpo pelas ruas da cidade no fim do dia. Ela voltou a dizer que é contra o aborto e a liberação das drogas. “Eu tenho defendido o plebiscito para que a sociedade brasileira, na sua maioria, possa debater e decidir. A sociedade brasileira é diversa e a nossa campanha está conversando sobre essa questão. Eu sempre tive uma posição muito clara em relação àquilo que eu defendo publicamente.”
Eu acredito na confiança dos cidadãos e cidadãs e na capacidade de cada um de querer um Brasil melhor”
Marina Silva, candidata do PV à Presidência
Esperança no PSDB
Desde sempre o discurso do candidato tucano à Presidência, José Serra, é de não comentar pesquisas. Ontem, contudo, diante da possibilidade mais factível de um segundo turno entre ele e Dilma Rousseff, de acordo com as projeções do Datafolha divulgadas ontem, o tucano não negou que recebeu uma injeção de otimismo. “Estou confiante como sempre. Acho que vai haver segundo turno, mas não me guio por pesquisas”, comentou José Serra, durante visita a Salvador.
“Nesta mesma época, em 2002, ninguém achava que eu ia para o segundo turno. Depois, achavam que eu ia ter 30% (dos votos) e eu tive quase 40%”, ressaltou. “Na eleição para prefeito de São Paulo foi a mesma coisa, achavam que a Marta Suplicy ia ganhar no primeiro turno e, no segundo turno, que eu ia ganhar por pouco e ganhei por mais. Isso é normal.”
Serra viajou à capital baiana para receber o título de cidadão soteropolitano, concedido pela Câmara Municipal. A Região Nordeste é um dos focos de investimento do tucanato porque é ali que Lula e, por consequência, Dilma, têm grande quantidade de votos. Durante o evento, Serra falou sobre a liberdade de imprensa, citando autores baianos. “Como não citar o grande poeta Gregório de Matos, que nenhuma censura conseguiu calar? Ele exerceu com lucidez e clareza sua crítica política, pagou o preço pela sua ousadia, mas deixou uma obra imortal”, lembrou. “Desconfio que se Gregório existisse ainda hoje, talvez algum dos censores que andam por aí tentasse calar.”
Depois da cerimônia na Câmara, Serra se reuniu com dom Geraldo Magella Agnelo, cardeal de Salvador e arcebispo-primaz do Brasil, na Cúria Metropolitana. No encontro, Agnelo entregou a Serra documento da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil que prega o voto em “pessoas comprometidas com o respeito incondicional à vida, à família e à dignidade humana”.
http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia182/2010/09/29/noticia_eleicoes2010,i=215361/CRESCIMENTO+DE+MARINA+SILVA+NA+RETA+FINAL+ANIMA+CORRELIGIONARIOS.shtml
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