Diego Salmen
Do UOL Eleições
O candidato do PSDB à Presidência da República, José Serra, acusou a campanha de sua rival, a petista Dilma Rousseff, de agir "com truculência" na disputa eleitoral.
"Tem um setor importante que disputa a eleição com apoio em peso da máquina do governo federal, que nunca atuou tão maciçamente - eu diria até com truculência - numa campanha eleitoral, que não debate", afirmou, sem citar a ex-ministra da Casa Civil. "É a estratégia da caixa preta (...) esconde até os debates de campanha que são terceirizados", disse.
Serra, Marina Silva (PV) e Plínio de Arruda Sampaio (PSOL) participaram de um debate promovido na noite desta quarta-feira (8) pela TV Gazeta e pelo jornal O Estado de S. Paulo. Dilma foi convidada, mas não compareceu alegando problemas de agenda. Ela participou de um comício nesta noite em Betim (MG).
A declaração de Serra surge em meio a uma troca de acusações entre os dois principais candidatos sobre a autoria da quebra do sigilo fiscal de Verônica Serra, filha do tucano, e de outras pessoas ligadas ao presidenciável.
No debate, o ex-governador de São Paulo voltou a atribuir as violações a sua adversária. "O PT da candidata Dilma tem estado por trás desses vazamentos (...) comprometendo a segurança dos cidadãos", criticou. "É o presidente da República que fala por ela, e essa pessoa se candidata à Presidência da República", disse.
Em outras ocasiões, a petista negou a autoria dos vazamentos, cujo conteúdo seria destinado a criação de um suposto dossiê para incriminar o candidato do PSDB. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva entrou na briga no último sábado, quando disse que a campanha de Serra "mente descaradamente".
Desde então, o tucano abrandou as menções ao tema. A popularidade do governo Lula é recorde: quase 79% da população considera seu governo ótimo ou bom, segundo levantamento Datafolha realizado no final de agosto.
O candidato do PSOL também fez duras críticas à petista. "Ela [Dilma] gosta de passar a perna nos outros: passou no Brizola, o Lula que espere", afirmou. Antes de se filiar ao PT, em 2001, a presidenciável era filiada ao PDT de Leonel Brizola.
"Ela não pode discutir pelo seguinte: ela não é do ramo, ela foi inventada. Quando ela tem 200 guarda-costas atrás, ela fala. Agora vem aqui, pegar pessoas do ramo... (...) Ela tem sempre a capangada atrás", atacou Plínio.
Educação e meio ambiente
Marina Silva não deixou por menos. "Mais uma vez a Dilma não respeitou a nossa presença", afirmou. "A sociedade brasileira sente desconforto com esse desmando na Receita Federal", disse a candidata verde.
A candidata do PV também foi questionada sobre seu discurso ambiental e confrontada com sua colocação nas pesquisas de intenção de voto. "Eu não vou permitir que às vezes o oportunismo eleitoral, a ânsia por simpatia, possa desviar aquilo que é relevante para os brasileiros", disse.
Na última sondagem do Datafolha, Marina obteve a preferência de 10% do eleitorado, contra 28% de Serra e 50% de Dilma.
Plínio, por sua vez, propôs que o governo deixe de pagar os juros da dívida para que possa elevar os gastos em educação de 3% para 10% do PIB (Produto Interno Bruto). "Dinheiro tem. Esse país tem dinheiro de sobra", afirmou. "Se o que precisa ser dito implicar em não ganhar (a eleição), nós preferimos dizer o que precisa ser dito".
Segurança e saneamento
"A segurança, no plano nacional, está largada. Só tem uma ou outra ação pequenininha, para efeito de marketing", criticou Serra, ao falar sobre a atuação do governo Lula na área. "O governo federal tem que entrar nessa luta", disse.
O tucano também perguntou a Marina Silva sobre a situação do saneamento básico no país, uma de seus principais bandeiras de campanha. O tiro acabou saindo pela culatra. "Você, Serra, foi ministro da Saúde, do Planejamento, e como você explica o baixo investimento em saneamento?", indagou Marina. "Como ministro da Saúde eu fiz o maior investimento que o ministério já fez na sua saúde em saneamento", disse.
"Lamentavelmente a gente não consegue que o discurso se coadune com a prática", retrucou a candidata verde. "Foram R$ 3,3 R$ bilhões em oito anos - 20% do que precisaria para resolver o problema do saneamento em 10 anos. É muito pouco". No bloco seguinte, Serra retomou o assunto. "Os seus dados estão errados. Eu proponho que você verifique", disse.
FHC x Lula
Ao ser questionado pelo candidato do PSOL, o ex-governador de São Paulo negou estar escondendo o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) de sua campanha.
"Nós somos muito amigos. Trabalhei com ele, tenho muito orgulho", disse Serra, que também minimizou a aparição de Lula em seu programa eleitoral na TV. "O Lula é presidente da República... Lula passou pelo meu programa para citar um fato. Não teve nada de especial nesse sentido", disse. "Então você precisa demitir sua equipe de TV", retrucou Plínio, que completou: "No seu programa de TV aparece o Lula e aparece pouquíssimo o FHC (...) "Lula é continuação do FHC. É tudo farinha do mesmo saco".
Nas considerações finais, o candidato tucano aproveitou para criticar novamente sua principal rival. "Dilma, por que você aumentou tão fortemente o imposto federal sobre a energia elétrica, sob sua responsabilidade? Hoje, o Brasil tem a terceira tarifa de energia elétrica (mais cara) do mundo, e isso foi sob sua gestão", afirmou. "E por que manteve o imposto sobre saneamento que tira R$ 2 bilhões por ano do setor?", indagou.
http://eleicoes.uol.com.br/2010/ultimas-noticias/2010/09/08/serra-acusa-campanha-de-dilma-de-truculencia-para-plinio-petista-ira-passar-a-perna-em-lula.jhtm
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