Correio Braziliense
Tiago Pariz
A presidenciável petista Dilma Rousseff cercou-se de mulheres em sua campanha pensando em aumentar o espaço das companheiras numa eventual gestão, caso saia vitoriosa na corrida pelo Palácio do Planalto. São ministras, assessoras e especialistas acadêmicas sempre acionadas para ajudá-la no embate eleitoral, assessorá-la em questões específicas, abrir portas com dirigentes políticos ou apenas compartilhar do dia a dia da campanha.
Uma das pessoas mais próximas de Dilma é Maria das Graças Foster, diretora da Petrobras, dada como um dos nomes mais certos num potencial governo petista. Maria das Graças segue a candidata desde os tempos do governo Olívio Dutra. Na época, enquanto Dilma era secretária de Minas e Energia, a dirigente da Petrobras chefiava a Sulgás. Hoje, é apontada como uma possível ocupante da Esplanada dos Ministérios ou como a futura presidente da estatal de petróleo.
Nessa especulação do espaço que as mulheres terão num eventual governo, Erenice Guerra, ministra da Casa Civil, e Miriam Belchior, subchefe da pasta responsável por tocar a gestão do Programa de Aceleração do Crescimento, aparecem como exemplos recorrentes. Mesmo não participando das turbulências diárias da campanha, são responsáveis por auxiliar a antiga chefe com números, dados e informações do governo que caem como uma luva no embate pelo Palácio do Planalto. As duas sempre surgem em conversas do comando eleitoral como as fiéis escudeiras de Dilma.
No centro nervoso da campanha, o escritório político instalado no Lago Sul, Dilma escora-se em três assessoras: Clara Ant e as jornalistas Helena Chagas e Olga Curado. Ex-assessora da Presidência, Clara passou a desempenhar na campanha o mesmo serviço que fazia no Palácio do Planalto. Ela comanda o centro de produção de informações. Helena Chagas acompanha Dilma na maioria dos atos eleitorais. É a assessora número 1 para a comunicação. Nas agendas fora de Brasília, vai no jatinho reservado só para os mais próximos da candidata. Também jornalista, Olga Curado fez toda a preparação piscológica de Dilma para enfrentar os embates eleitorais e a rotina da campanha.
Expoentes
“A Dilma cercou-se de mulheres muito experientes dentro e fora da campanha. Muitas que são amigas dela há muito tempo”, disse o deputado Cândido Vaccarezza. Essa lista inclui até acadêmicas, como a filósofa Marilena Chauí, a economista Maria da Conceição Tavares e a arquiteta Ermínia Maricato. Na pré-campanha, Dilma valeu-se da ex-prefeita paulista Marta Suplicy para abrir caminho com políticos paulistas e mulheres expoentes da sociedade paulistana.
Esse ambiente “matriarcal” faz políticos apostarem num crescimento da importância das mulheres no governo. “Uma primeira mulher presidente da República vai ter a sensibilidade de tratar dos interesses e aumentar os espaços de poder das mulheres”, disse a deputada Luiza Erundina (PSB-SP), primeira prefeita de São Paulo, entre 1988 e 1992.
Para Erundina, se for eleita, Dilma tem de instalar um novo modo de governar para romper com práticas antigas. “Não podemos reproduzir o estilo machista, patriarcal, dominador que caracteriza a política”, disse a deputada socialista.
Se Dilma vai conseguir aumentar o espaço da mulher num eventual governo, primeiro dependerá de vencer o pleito. Depois, da capacidade de enfrentar os interesses de seus aliados. Afinal, o principal partido fiador de sua candidatura é o PMDB, legenda que se tornou símbolo da política feita com interesses menores e que empresta seu apoio aos sucessivos presidentes desde a redemocratização.
O número
Faltam
25 dias
para o 1º turno
Quem é quem
Sua relação com Dilma teve início no Ministério de Minas e Energia. Erenice foi consultora jurídica da pasta e gerente da Eletronorte. Petista de carteirinha, trabalhou no GDF e na assessoria jurídica da Câmara. Virou braço direito da candidata aos poucos. É cotada para permanecer no governo.
Clara Ant, assessora da campanha presidencial
Clara desempenha o mesmo papel da época em que ocupava o posto de assessora presidencial no Palácio do Planalto. Na campanha, é responsável por uma central de produção de informação para subsidiar Dilma em debates e entrevistas com jornalistas.
Olga Curado, assessora da campanha
A jornalista é a responsável pela preparação psicológica para a candidata enfrentar a rotina da campanha. Ela aplicou na presidenciável uma técnica elaborada a partir de estudos do psicólogo norte-americano Paul Ekman sobre emoções e expressões faciais. Alia a isso uma adaptação ao jogo político de conceitos da arte marcial japonesa Aikidô.
Maria das Graças Foster, diretora de Gás e Energia da Petrobras
Formada em engenharia química pela Universidade Federal Fluminense, com mestrado em engenharia nuclear e MBA em economia pela Fundação Getulio Vargas, é ligada a Dilma desde o governo Olívio Dutra (PT) no Rio Grande do Sul (1998-2002). Quando a candidata era secretária de Minas e Energia, Maria das Graças ocupava a Presidência da Sulgás. É cotada, num potencial governo de Dilma, para assumir a Presidência da Petrobras.
Helena Chagas, assessora da campanha presidencial
Ex-diretora do jornal O Globo e da Empresa Brasileira de Comunicação, Helena Chagas é a responsável por todo o tratamento com a imprensa, além de auxiliar Dilma com informações e preparação para entrevistas com jornalistas.
Miriam Belchior, subchefe de Articulação e Monitoramento da Casa Civil
Foi escalada no período de transição para unificar programas de transferência de renda. Dessa proposta surgiu o Bolsa Família. Na montagem do governo, foi convocada para a Casa Civil pelas mãos de José Dirceu. Trabalhou na prefeitura de Santo André como secretária de Administração e Inclusão Social. Foi casada por 10 anos com o ex-prefeito da cidade Celso Daniel, assassinado em 2002.
Ênfase nos comícios
Denise Rothenburg
A campanha da candidata do PT, Dilma Rousseff, começa a se restringir, nesta reta final, aos comícios marcados com o presidente Lula e ao programa de TV. Afônica, segundo a própria Dilma, por causa do frio que pegou em Osório (RS), ela dispensou a participação no debate promovido pela TV Gazeta de São Paulo, que será realizado hoje, e uma sabatina do jornal O Globo. Na entrevista convocada por ela ontem para falar do Fundo Monetário Internacional (FMI), respondeu apenas a duas perguntas dos jornalistas, ambas começando a resposta com a palavra “não”. Primeiro, disse que não comentaria o programa de TV do tucano José Serra, que mostrou o hospital estadual da Criança, em Feira de Santana, que Dilma classificou como instituição modelo e, na realidade, faltam equipamentos, médicos e os leitos estão fechados, como mostrou o Correio na última quarta.
“Não comento. Ele resolveu baixar o nível. Tem gente que torce contra o Brasil. Tem gente que passou o governo inteiro torcendo contra. Acho que o Brasil está dando certo. Ele acha que dá errado”, disse a petista, quando perguntada sobre as imagens e os depoimentos apresentados no programa tucano. “Não me considero eleita de jeito nenhum. Estou aí fazendo campanha. Só depois de 3 de outubro e olhe lá”, afirmou, sobre outra pergunta. Quem falou sobre os programas de Serra foi o presidente do PT, José Eduardo Dutra: “Desde que o mundo é mundo que, em política, é assim: quem está atrás nas pesquisas bate e quem está na frente olha para o futuro”, afirmou Dutra.
A candidata só queria mesmo tratar do “tema do dia”, o Sete de Setembro, em que citou o “rompimento da tutela do Fundo Monetário Internacional como o fato mais simbólico” nesse governo. “O Brasil era um país que dependia da tutela do FMI para definir desde a política de salário até infraestrutura e urbanização”, afirmou, referindo-se, também, ao aumento das reservas, de US$ 21 bilhões para US$ 262 bilhões. “Ninguém respeita devedor. Hoje, o Brasil é credor. Empresta dinheiro ao FMI e define as condições.”
Hoje, Dilma irá a Minas, mas a agenda pode ser cancelada caso a filha dela, Paula, entre em trabalho de parto.
http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia182/2010/09/08/noticia_eleicoes2010,i=211929/DILMA+CERCA+SE+DE+NUCLEO+COM+GRANDES+CHANCES+DE+AMPLIAR+O+PODER+FEMININO.shtml
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