5 de mar. de 2010

PT diz que Lula fará campanha para Dilma dentro das regras legais

GABRIELA GUERREIRO
da Folha Online, em Brasília

Ao descartar nesta sexta-feira a possibilidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva se licenciar do cargo para dedicar-se à campanha da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil), o presidente do PT, José Eduardo Dutra, disse que o presidente vai se envolver na eleição da pré-candidata petista dentro das regras previstas pela Justiça Eleitoral, mas sem deixar o cargo.

"Isso [licença] não tem cogitação. O Lula é presidente da República. O Lula vai participar da campanha absolutamente dentro da lei", afirmou.

Nota publicada ontem pelo jornal "O Globo" afirmou que Lula estuda pedir licença do cargo entre os meses de agosto e setembro para se dedicar à campanha da ministra. Como o vice-presidente José Alencar deve ser candidato, não poderia assumir o cargo --assim como o presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP). A Presidência ficaria nas mãos do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), terceiro na linha sucessória e que enfrentou uma série de acusações no ano passado por suspeitas de irregularidades na Casa Legislativa.

Em entrevista hoje a rádios da Bahia e de Pernambuco, Lula afirmou que não vai deixar a Presidência para apoiar a eleição de Dilma. "Seria descabido você imaginar que um presidente da República fosse pedir licença do cargo mais importante do Brasil para fazer campanha. Segundo, que fosse possível um presidente da República se afastar sendo que pode não ter o vice-presidente para exercer o mandato. Não teria cabimento, não teria lógica, seria uma irresponsabilidade com o mandato que foi me dado pelo povo brasileiro",

O presidente do PT disse que, dentro do partido, o clima é de otimismo em relação à campanha de Dilma, especialmente depois do crescimento da ministra nas pesquisas de intenção de voto em relação ao pré-candidato do PSDB, José Serra (SP). O petista disse, porém, que o clima de "já ganhou" deve ser evitado dentro da legenda.

"Eleição e mineração, só depois da apuração. É claro que o clima de otimismo é inerente a qualquer mobilização, o que não significa que já ganhou. Estamos satisfeitos porque a candidata que alguns diziam que não ia ter viabilidade, hoje esse assunto está sepultado."

Oposição

Dutra disse que a pré-campanha para a presidência da República terá início, de fato, depois que a oposição definir o nome de seu candidato. Mas afirmou que o problema do DEM e PSDB não é a indecisão sobre o nome da oposição na corrida presidencial, e sim o que chama de mudança de discurso dos oposicionistas.

"A biruta de aeroporto que se transformou a oposição, sem rumo, é a falta de projetos. Uma hora criticam o Bolsa Família, em outra querem mudanças ao programa. A oposição quer trocar o governo, mas tem que dizer o que quer colocar no lugar", afirmou.

O governador Serra ainda não anunciou que será candidato, apesar de ter anunciado nos bastidores a sua decisão de entrar na disputa. Os tucanos trabalham para convencer o governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), a disputar a vice-presidência da República na chapa do tucano. Porém, Aécio mantém o discurso de que sairá candidato ao Senado depois que desistiu da corrida presidencial.


http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u702885.shtml

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