2 de mar. de 2010

"É hora de colocar o bloco na rua", diz secretário nacional do PSDB

Marcelo Diego, iG São Paulo

O deputado federal Rodrigo de Castro (MG), secretário nacional do PSDB, acredita que a forma de o partido estancar a perda de terreno para a pré-candidata petista à Presidência, Dilma Rousseff, é "colocar o bloco na rua". A declaração do deputado reflete sentimento de pelo menos parte do partido, após divulgação do resultado da pesquisa do instituto Datafolha, no final de semana, indicando avanço da petista e retrocesso do tucano.

A ministra Dilma Rousseff foi oficialmente apontada como pré-candidata petista (seu nome ainda precisa ser referendado em convenção). Serra é hoje o nome mais provável do PSDB para disputara a Presidência.

Entre dezembro e a última semana de fevereiro a diferença entre os dois caiu de 14 para 4 pontos percentuais. Serra é o líder, com 32%. Dilma está na cola, com 28%.

O tucano ainda não se declarou candidato. A interlocutores afirmou, reiteradas vezes, que não teria nada a ganhar se antecipasse a disputa. Publicamente, mantém o discurso de que até o momento pensa apenas em governar São Paulo. Se for candidato a presidente, terá que deixar o governo de São Paulo no final deste mês, como determina a lei.

Apesar de repetir que a pesquisa é um "retrato de momento", Rodrigo de Castro diz que a diminuição da diferença não é um dado bom. Para reverter o quadro, o receituário: dizer logo aos eleitores quem é o candidato tucano e forçar a comparação.

"Tudo caminha para que Serra seja o candidato, mas precisamos dizer isso ao eleitor."

Castro evita colocar pressão em cima de Serra neste momento. "O governador tem seus compromissos com São Paulo", diz, para em seguida complementar que, agora, uma semana a mais ou a menos para o anúncio não faz tanta diferença.

O que mudará, acredita, é que o partido vista a camisa e vá para o embate assim que o nome for divulgado.

O líder do PSDB na Câmara, deputado João Almeida (BA), corrobora a tese. Em entrevista ao site do partido, afirmou: "Por mais que quiséssemos, não teríamos como fazer como a ministra Dilma Rousseff. Serra tem feito tudo o que pode para cuidar bem de São Paulo."

Mauro Paulino, diretor-geral do Datafolha, diz que a gerência de São Paulo pode ter contribuído para a queda do tucano _os problemas causados pelas chuvas e inundações do início do ano teriam causado impacto no eleitorado. Serra perdeu votos em todas as regiões do país, inclusive a Sudeste.

"Essa queda é séria, pois tem consequências políticas, por ser a região mais forte do país, e estatísticas, pois é onde está 42% do eleitorado."

Não é, contudo, a única razão. A alta exposição da ministra ao lado de um presidente com aprovação recorde, em contraste com um governador que não se assume como candidato, também ajudam a explicar o resultado.

Mauro Paulino destaca uma notícia boa e mais uma ruim para os tucanos. A ruim: 14% dos eleitores querem votar em quem Lula apontar, mas não sabem qual é o candidato do presidente. Esse número está estável. Ou seja, há ainda mais espaço para transferência de votos.

A boa: "o eleitor ainda não teve contato com a candidata Dilma; quando ela for colocada em situação de campanha ou até em contraste com o carisma do presidente é que será o verdadeiro teste".

Na reunião da bancada do PSDB, nesta terça-feira, o cenário eleitoral será debatido, com a presença de senadores e deputados. Entre as discussões internas, o partido avalia que Serra poderia dar uma sinalização pública por sua candidatura.

Também não está descartado um novo apelo para que Aécio Neves, governador de Minas Gerais, aceite ser o vice numa chapa tucana.

A consolidação desses dois nomes ocasionaria os seguintes efeitos: possibilidade de abertura de uma margem grande de votos na região Sudeste; criação de um fato político de impacto e demonstração de união partidária.

O próprio DEM, partido que apoia os tucanos, poderia não ser empecilho. O deputado Antônio Carlos Magalhães Neto (DEM-BA) disse que vai conversar pessoalmente com Aécio para tentar convencê-lo a abraçar a candidatura presidencial.

"Essa hipótese parece pouco provável. O governador tem trabalhado e dedicado sua agenda para Minas. Acredito que a vaga de vice pode ser discutida como parte de um arco de alianças maior. Mas isso só depois de definirmos nosso candidato a presidente", afirma o secretário nacional do PSDB.

Na quarta-feira a noite, Serra e Aécio devem jantar juntos. No dia seguinte, participam de cerimônias alusivas ao centenário do nascimento do presidente Tancredo Neves (1910-1985). As lideranças tucanas estarão presentes em peso em Belo Horizonte. Os democratas também irão desembarcar lá.

http://ultimosegundo.ig.com.br/brasil/2010/03/02/e+hora+de+colocar+o+bloco+na+rua+diz+secretario+nacional+do+psdb+9413269.html

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