Por Natuza Nery
BRASÍLIA (Reuters) - Com praticamente todas as suas possibilidades em aberto, o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, teria feito junto a lideranças do PMDB nacional a avaliação de que sua sucessão no BC, se confirmada, se daria de forma "tranquila".
Em uma viagem de avião São Paulo-Brasília há cerca de duas semanas, Meirelles dividira sua projeção junto ao presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), e ao líder da sigla na Casa, deputado Henrique Eduardo Alves (RN).
"Ele disse que dois ou três diretores continuariam perfeitamente sua política e mostrou tranquilidade na sucessão dele", contou Alves à Reuters sem citar nomes.
Alexandre Tombini, diretor de Normas e Organização do Sistema Financeiro do BC, é o nome mais cotado para substituí-lo. Representa Meirelles com frequência nas reuniões de governo e não seria visto pelo mercado com sobressalto.
Durante a conversa, os dois peemedebistas tentaram convencer o titular da autoridade monetária a concorrer a um mandato em outubro. Prometeram ao correligionário a indicação que ele desejar num eventual governo Dilma Rousseff. Na ocasião, sugeriram o Senado, e a hipótese não foi descartada.
"Foi um bom diálogo, mas a decisão íntima ele não tomou ainda. Antes, é preciso conversar com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva."
Dias antes, Temer e Meirelles já haviam tratado de eleição. Falaram da vice.
Os dois são cotados à chapa ao lado de Dilma. O primeiro representa a unidade do partido, mas não empolga alguns articulares da campanha petista como o segundo. Durante o encontro, o dirigente peemedebista --recentemente reconduzido ao comando da legenda-- falou abertamente das dificuldades de Meirelles se viabilizar internamente como vice.
"Não há outro nome do PMDB a não ser o de Michel Temer", enfatizou Henrique Eduardo Alves.
Segundo uma importante fonte palaciana, Lula prefere conversar com Meirelles na última semana do mês. Até lá, a bolsa de aposta seguirá instável.
COMPLICOU GOIÁS
A semana reservou algumas surpresas para Henrique Meirelles. A primeira delas veio na segunda-feira, quando um telefonema do deputado estadual Thiago Peixoto (PMDB-GO) deu-lhe conta da possível desistência de Iris Rezende ao Executivo.
"O cenário bagunçou. Voltou a ser discutido dentro do partido a possibilidade de defendermos Meirelles para o governo (local)", disse ele à Reuters.
"A situação não está mais tão confortável como antes. Ontem telefonei a ele de novo e disse que era bom ele vir para cá conversar. O líder Henrique Eduardo Alves também esteve aqui, preocupado em manter o foco de Meirelles no Senado."
Também na quinta, o Ministério Público pediu ao Supremo Tribunal Federal abertura de inquérito contra Meirelles por suspeita de crime contra a ordem tributária. Sua assessoria rapidamente apresentou explicações do presidente sobre o caso.
Fora do BC, e portanto sem o status de ministro, ele perde o foro privilegiado.
http://br.reuters.com/article/domesticNews/idBRSPE62B0L220100312
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