9 de mar. de 2010

Ciro: "São Paulo não precisa de mim"

Eleições: Deputado diz que definição será em junho mas PT já articula campanha de Mercadante

Valor Econômico - Ana Paula Grabois e Cristiane Agostine, de São Paulo

Depois de acompanhar a história de uma filha que reencontrou o pai após 20 anos, saber das vantagens para a saúde dos comprimidos "Cogumelos do Sol" e do último conflito entre policiais, o espectador do programa popular de TV do Ratinho, no SBT, ouviu o deputado federal Ciro Gomes (PSB) anunciar que quer mesmo é ser presidente da República. A possibilidade de ser candidato ao governo de São Paulo, como querem o PT nacional e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, foi descartada no programa, que foi ao ar vivo ontem.

"É uma honra, mas meu projeto é ser presidente do Brasil", disse Ciro. No intuito de ganhar o eleitor popular, Ciro disse que ouviu o DVD das cantoras com as músicas de Roberto Carlos e que fazia homenagem não somente às mulheres, mas à apresentadora Hebe Camargo, que voltou às gravações da TV ontem após um tratamento contra um câncer. "É muito gostoso ter essa mulher aqui de volta", disse Ciro na TV.

Após falar para Ratinho, o deputado do PSB afirmou que apenas aguarda a definição de seu partido para decidir pela candidatura. Seu prazo para o eventual lançamento da candidatura presidencial é junho. "Eu sou candidato à Presidência. Já conversei com os companheiros, fiquei muito honrado com o convite e disse a eles que todos estão liberados para experimentar suas alternativas de candidatura. São Paulo não precisa de mim para ter candidatura", disse. "Evidentemente, São Paulo precisa é de um projeto, tenho experiência, capacidade já demonstrada de juntar pessoas, formular planos, estabelecer estratégias. Posso dar uma contribuição, mas não necessariamente como candidato", afirmou a jornalistas.

Ciro disse ter vantagens sobre a candidata do PT, a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil). Além da experiência política no Executivo (foi governador do Ceará e ministro da Fazenda e da Integração), disse ter trânsito no Congresso.

Por enquanto, tem conversado com políticos de partidos da base do governo e também da oposição, mas que nada está fechado. Ciro disse que poderia se aliar a esses partidos e, em um eventual segundo turno, ao PT. Em campanha, no entanto, disse que não vai criticar Dilma. "Vou propor, crítica para mim é só a dialética da proposta. Até porque sou aliado do Lula."

Ciro disse não acreditar que o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), vá lançar-se como candidato à Presidência. "Eu acho que ele não vai ser candidato à Presidência, não só pelo risco que ele corre, mas pelo cenário contemporâneo de São Paulo, com as enchentes e a greve de professores."

Mesmo com a possibilidade do governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), sair como candidato, Ciro não mudaria sua intenção de sair candidato a presidente. "O que muda é urgência da minha candidatura, mas quem vai decidir é o meu partido", disse. Na sua avaliação, a eventual candidatura de Aécio no PSDB seria "garantia adicional de que o Brasil não voltará ao passado", em referência a Serra.

O deputado voltou a reclamar do papel do PMDB nos governos Lula e FHC, mas admitiu que teria que fechar alianças com o partido, a quem chamou de "escória". "Teria que fazer aliança, mas subordinando a uma hegemonia moral e intelectual diferente. O problema não é a aliança. Não sou contra aliança, mas uma coisa é fechar aliança para fazer algo útil para o país e outra coisa é aliar-se para conservar o poder. Uma coisa é fazer aliança tendo um cimento programático; outra é pegando cargo, com fisiologia e até deixando ultrapassar o limite mínimo de ética."

Ciro não poupou o PT, que segundo ele, pouco difere do PSDB. "Não vejo muita diferença entre PT e PMDB. A Marta Suplicy é eleita prefeita e nomeia o João Sayad para secretário. Um partido derrota o outro e não tem problema, São Paulo é isso, essa radicalização paroquial", disse.

O PT de São Paulo quer lançar nos próximos dias o senador Aloizio Mercadante (SP) à disputa pelo governo de São Paulo. A direção paulista decidiu que não esperará pela decisão de Ciro Gomes. Segundo um dirigente, "assim que Ciro titubear", o partido divulgará a candidatura de Mercadante "no dia seguinte". A análise da cúpula petista é que o deputado do PSB não será candidato nem ao governo paulista, nem à Presidência.
No fim de semana, o diretório estadual do PT reuniu-se e definiu que investirá na candidatura própria. Com a possível indicação de Mercadante à disputa estadual, a ex-prefeita de São Paulo Marta Suplicy terá apoio do partido para concorrer a uma vaga ao Senado. A outra vaga será negociada com partidos da base aliada, como o PCdoB. O lançamento oficial da candidatura será feito num encontro estadual do partido, previsto para ser realizado entre o fim deste mês e o começo de abril. Será um ato político para divulgar a candidatura da ministra presidencial da Dilma Rousseff em São Paulo.

Em resolução aprovada na reunião do fim de semana, o PT de São Paulo disse que manterá as conversas com Ciro Gomes. Dirigentes petistas, no entanto afirmam que a decisão já foi tomada. A direção estadual acredita que Ciro não se lançará à Presidência e analisa que o deputado do PSB mantém seu nome no cenário eleitoral em busca de mais espaço político na campanha presidencial do PT.

http://www.valoronline.com.br/?online/geral/231/6145405/sao-paulo-nao-precisa-de-mim,-diz-ciro

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