7 de out. de 2009

Marco Aurélio Garcia coordenará plataforma política de Dilma em 2010

07/10/2009

BRASÍLIA - O PT criou o grupo que dará as diretrizes gerais do programa de governo para a campanha da ministra Dilma Rousseff, provável candidata do partido à sucessão presidencial em 2010. Coordenada pelo assessor especial da Presidência para Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia, a comissão será responsável por definir a plataforma política da candidata, organizar o diálogo com os movimentos sociais e os partidos aliados.

Alguns temas já estão definidos: política social, educação, investimentos em ciência e tecnologia e preocupações com os recursos ambientais, como a água, por exemplo. Além de Garcia, fazem parte do grupo o presidente do PT, Ricardo Berzoini, o assessor pessoal do presidente da República, Gilberto Carvalho, o ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci e o ex-prefeito de Guarulhos Elói Pietá.

O marqueteiro João Santana, responsável pela campanha de reeleição de Luiz Inácio Lula da Silva em 2006, também está assessorando a candidata e programando pesquisas qualitativas junto ao eleitorado. Segundo um integrante do Diretório Nacional do PT, o grande desafio será dar forma ao discurso de Dilma no palanque.

- Ela não pode ser apenas a mãe do PAC. Isto é muito pouco. O governo Lula é muito mais do que isto - declarou um dirigente do partido.

Até o momento, a pré-campanha está apoiada nos avanços obtidos nos oito anos do governo Lula. O desafio é avançar.

- Quando Dilma subir no palanque, o que ela vai dizer? O que ela vai trazer além do que já fizemos? - questiona um petista.

Avanço na educação será um dos temas atrelados à figura da ministra

A educação, principalmente o ensino fundamental, está nesta nova diretriz. Existe a avaliação interna de que todas as conquistas recentes, como a inauguração de escolas técnicas, universidades e extensões de campi precisam ser atrelados à figura da chefe da Casa Civil.

Articuladores do partido desprezam a avaliação de que um discurso voltado para educação não empolga o eleitorado. Citam como exemplo o Prouni, que atende a 500 mil jovens carentes matriculados em universidades particulares de todo o país.

- Discursar para este público é falar diretamente com um grupo que tem um poder de mobilização política enorme - defende um parlamentar.

Dirigentes também se debruçam sobre os investimentos em ciência e tecnologia. Nos últimos anos, por esforço próprio do setor acadêmico, cresceu a produção e a publicação de textos científicos brasileiros em revistas especializadas internacionais.

Vencida a tarefa de estabilizar a economia e apontar os rumos do crescimento econômico, chegou a hora de apostar no conhecimento "para que o país possa dar um salto qualitativo", na avaliação de um integrante do comando de campanha. Lula antecipou estas diretrizes, ao incluir os dois setores dentre aqueles beneficiados pelos recursos do pré-sal.

- Mas o pré-sal começa a gerar divisas apenas em 2016. Precisamos ter uma política clara para estes setores, com fontes de financiamento efetivas - defendeu o dirigente.

Lula defende a elaboração de um 'discurso social' para Dilma

Falta ainda a elaboração de uma política ambiental e de unificação dos diversos programas sociais. Estes dois últimos ainda estão em fase embrionária. Há cerca de dois meses, Lula, em reunião com aliados próximos, disse que "era preciso dar um discurso social para Dilma". Surgiu lá a ideia de consolidar todos os programas de governo em uma lei única. Na área ambiental, o foco será a água.

- Por diversas razões: temos a maior matriz de energia limpa do mundo, o pré-sal e uma costa marítima a ser defendida, o que requer a compra de navios e submarinos nucleares - justificou o petista.

Na terça-feira, ao chegar a um jantar com o PDT - o primeiro com partidos aliados do governo Lula -, Dilma disse que a base deve ter uma única candidatura . A tese é defendida pelo presidente, mas enfrenta resistências no PSB, que pretende lançar a candidatura do deputado Ciro Gomes (PSB-CE). Para Dilma, Lula precisa eleger o seu sucessor para assegurar a continuidade das conquistas dos últimos oito anos.

A ministra teve o cuidado de não afirmar que ela deve ser a única candidata. A tarefa coube ao ministro do Trabalho, Carlos Lupi, e ao deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força (SP).

O Globo

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