4 de out. de 2009

Filiações dão primeiro esboço das eleições 2010

03/10

O fim do prazo, neste sábado, para que pretendentes a candidatos nas eleições de 2010 se integrem aos partidos pelos quais querem concorrer já sinaliza o cenário em que a disputa deverá ocorrer. Para o professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ) Cesar Romero, um indicativo claro é de que a disputa para a Presidência será polarizada entre o PT e o PSDB, mas sem relação direta com a questão da aprovação ao governo atual.

“As questões regionais ainda não podem ser medidas, mas, em qualquer hipótese, as duas forças políticas, PT e PSDB, vão polarizar as eleições”, destacou o professor. A polarização é explicada pelo fato de que os dois partidos têm força em São Paulo, que representa um terço do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil e detém 22% do eleitorado.

Datas importantes

Romero enumera três datas como as mais significativas para a definição de um cenário eleitoral: o fim do prazo para filiações; a data-limite para descompatibilização e o período das convenções partidárias. “Em março, os detentores de cargos no Executivo devem fazer a descompatibilização, deixando os cargos. Depois disso, teremos uma visão mais clara de como será as eleições”, destaca.

Neste período, será possível, por exemplo, avaliar se as apostas no lançamento do presidente do Banco Central, Henrique Meireles, recém-filiado ao PMDB a algum cargo é factível ou não. Também ficará delineada a entrada do ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, na disputa por algum cargo, que acabou de entrar no PT. “A vitória do Brasil para sediar a Olimpíada de 2016 teve forte empenho de Amorim. Ele transita entre o presidente do Irã e o de Israel. Então, tem qualidades que podem credenciá-lo a um cargo”, arriscou.

O quadro final estará posto quando os partidos concluírem as convenções partidárias, em junho. Neste momento, são oficializados os nomes e as alianças que conduzirão o processo eleitoral entre julho e outubro.

Perfis

Os perfis dos egressos aos partidos também indicam as intenções das legendas para os cargos em disputa. Artistas e atletas, como o ex-jogador Romário e jogador de futebol do Santo André, Marcelinho Carioca, que se filiaram ao PSB, atendem a objetivos para cargos proporcionais, como deputado estadual, por exemplo.

Já nomes do meio empresarial, como o do presidente da Federação da Indústria do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, recém-filiado também ao PSB, serviriam como reforço para chapas na concorrência por vagas majoritárias. “Skaf é um nome popular, mas tem peso em uma disputa do PSB pelo governo de São Paulo, por exemplo”, avalia Romero, lembrando que Skaf também teria perfil para pleitear uma vaga no Senado.

No PV, a entrada de um “empresário verde” como o presidente da Natura, Guilherme Leal, une o mercado aos ambientalistas. “A figura do empresariado verde mostra que o partido não é anti-capitalista”, pondera Romero. Relações com a economia também reforçam o nome do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, como vice da ministra chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, em uma possível disputa presidencial. “Seria um sinal de que a política econômica não iria mudar”, afirma.

Troca-troca

Quanto à importância de políticos eleitos para os partidos, o cientista político assinala que há interesses pessoais e partidários. “De um lado, o político espera espaço maior para se manter no cenário. Quem já tem mandato quer manter a visibilidade”, disse. Para os partidos, visibilidade também é um fator importante na hora de atrair políticos. Mesmo os que não têm expressão nacional podem reforçar a atuação das legendas nas localidades que representam.

Pelo menos dois dos membros do Senado que trocaram de legenda na última semana, declararam a intenção de se reeleger. Mão Santa (PI) trocou o PMDB pelo PSC, na previsão de que o antigo partido não irá lançar candidato no estado. Já o senador Expedito Júnior (RO), deixou o PR para ingressar no PSDB, visando se candidatar ao governo do Estado.

Neste contexto, a fidelidade partidária dá lugar ao anseio de voltar ao poder em 2011. Porém, para o professor, a resolução do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) impedindo o “troca-troca” inibiu as mudanças neste ano. “Os grandes nomes evitaram a mudança”, avalia. E Romero acredita que, mesmo sem a manifestação dos partidos pela reivindicação dos mandatos, a Justiça Eleitoral poderá fazê-lo por meio da Procuradoria Eleitoral.

Nenhum comentário:

Postar um comentário