Dilma vai impulsionar candidaturas de aliados em desvantagem nas pesquisas

Correio Braziliense | Josie Jeronimo

Bem colocada nas pesquisas eleitorais, que a colocam à frente do principal adversário, José Serra (PSDB), a candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff, agora tem que conciliar sua campanha com outra missão: ajudar os aliados ancorados nas sondagens de intenção de votos. Os candidatos do governo nos estados reclamam a presença de Dilma e querem testar, por meio da presidenciável, o fenômeno da transferência de votos que a colocou em primeiro lugar nas pesquisas.

O primeiro a receber o socorro eleitoral, no modelo campanha casada, foi o candidato do PT ao Governo do Distrito Federal (GDF), Agnelo Queiroz. Dilma esteve ontem ao lado do companheiro na Feira do Produtor, na cidade de Vicente Pires, a 17 quilômetros de Brasília. A caminhada do fim de semana renderá boas imagens para Agnelo usar no horário eleitoral gratuito. Em Vicente Pires, a presidenciável fez um apelo especial à militância de seu partido. Os petistas temem que a dianteira indicada pelas pesquisas possa desmobilizar os principais cabos eleitorais que, animados pelo sucesso da disputa pela Presidência, se esqueçam de apoiar os candidatos locais. “Sei que de hoje a 3 de outubro vocês não vão subir no salto alto e vão disputar voto a voto”, discursou Dilma.

Quem também já solicitou o reforço eleitoral da presidenciável foi a chapa que apoia o candidato ao governo de Goiás Iris Rezende (PMDB). Como Agnelo está atrás de Joaquim Roriz (PSC) nas pesquisas e Rezende disputa o Palácio das Esmeraldas voto a voto contra Marconi Perillo (PSDB), os dois candidatos da base aliada devem receber apoio conjunto de Dilma Rousseff. “Dia 27 temos uma ‘pré-data’ agendada para a presença de Dilma. Estamos acertando a possibilidade de apoio conjunto na região. A Dilma ajudará Brasília e o Entorno do Distrito Federal. Vamos trabalhar como se a candidatura do Joaquim Roriz (PSC) valesse, apesar dele ter sido barrado pela Lei da Ficha Limpa. Não podemos esperar”, afirma o deputado federal Pedro Wilson (PT-GO), candidato ao Senado.


São Paulo
A campanha de Aloizio Mercadante (PT) ao governo de São Paulo também receberá o devido tratamento em busca da salvação. Para evitar que o tucano Geraldo Alckmin leve a disputa ainda no primeiro turno, os petistas de São Paulo apostam na estratégia da campanha casada. O Sul, uma das regiões mais críticas para o PT, terá atenção especial. A candidata do partido ao Executivo de Santa Catarina, Ideli Salvatti, também contará com a bênção de Dilma para tentar alavancar sua campanha. No Paraná, a campanha de Osmar Dias (PDT) é outra que inspira cuidados.

“Os companheiros nos estados que ainda não estão em primeiro lugar terão força suficiente para reverter a situação quando o programa de TV começar na terça-feira. As palavras da Dilma (pedindo para a militância não subir no salto alto) mostram a consciência de quem sabe que precisamos manter a militância nas ruas. A força da nossa campanha vai ajudar os aliados que nos apoiam nos estados a reforçar os ânimos”, afirmou o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, que também participou da caminhada em Vicente Pires.

Padilha lembrou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reuniu seus ministros e pediu empenho nas ações governamentais até o término do mandato. Os comandantes das diversas pastas também foram orientados a não entrar em disputas de bastidores para cacifar o nome pensando na reforma ministerial do próximo ano. “Nenhum ministro está pensando no que vai acontecer depois de 1º de janeiro, no futuro ministério. Nenhum ministro vai cair nessa tentação”, comentou Padilha.

Lula em versão virtual
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu uma mostra de como será sua participação na propaganda eleitoral de Dilma Rousseff (PT), ontem, com um depoimento gravado para o site da candidata do PT à Presidência da República, no qual conclamou os internautas à luta para “eleger Dilma a primeira mulher presidente do Brasil”.

Lula agradeceu “do fundo do coração” a dedicação dos internautas que defendem as ações e as políticas de seu governo. “Sei que essa participação exige sacrifício, muitas vezes o trabalho é feito à noite ou de madrugada, no pouco tempo livre que cada um dispõe para atuar nas redes sociais e em milhares de sites”, disse.

Segundo Lula, “esse é um momento histórico” do qual os internautas fazem parte “ajudando a democratizar cada vez mais a informação”. No site www.dilma 13.com, ele convocou os internautas a serem protagonistas das eleições: “Cada eleitor tem o poder e o direito de informar e ser informado.” A gravação se encerra com o jingle da campanha de Dilma.

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