15 de ago. de 2010

Dilma provoca Serra e diz que há diferença entre quem faz e quem fala durante eleição

Folha

MÁRCIO FALCÃO
DE BRASÍLIA

A candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, provocou neste domingo seu principal adversário, José Serra (PSDB), afirmando que não irá discutir com ele a política de assentamentos do governo Lula.

Segundo Dilma, existe uma diferença entre políticos que fazem e aqueles que falam durante a disputa eleitoral.

"Desculpa, mas essa não é uma discussão que vou fazer com meu adversário. Essa discussão faço com os agricultores e assentados. Eles sabem que fizemos uma política pró-agricultor. Há uma diferença entre quem faz e quem fala durante a eleição. O nosso governo fez e por isso ele é reconhecido e é por isso que você vai numa região de agricultura familiar e somos reconhecidos", disse.

A candidata, para defender avanços do governo Lula no setor, afirmou que 570 mil famílias foram assentadas nos últimos sete anos e que a gestão petista teve uma atenção especial para o campo determinando, por exemplo, que 30% da merenda escolar fossem comprados de pequenos agricultores.

De acordo com a petista, a gestão de Lula ampliou significativamente o crédito, construindo uma política para o campo. "Na política de agricultura familiar, passamos o crédito de R$ 2,2 bilhões em 2001 e 2002 para agora R$ 16 bilhões em 2010 e 2011, além de assistência técnica. Outra questão importantíssima é seguro de preço e da safra e isso tudo complementado com programas destinados ao setor rural brasileiro", afirmou.

Dilma prometeu criar uma área na Caixa Econômica Federal para tratar da habitação rural. "Haverá um programa de habitação popular, quero criar dentro da Caixa uma diretoria para tratar habitação rural e aposentadoria rural. Tudo isso significa que vamos continuar expandindo o crédito, nós vamos agora dar reforço muito grande a assistência técnica", disse.


TUMULTO

Dilma visitou hoje a Feira do Produtor em Vicente Pires, na região administrativa do Distrito Federal. A feira foi instalada em uma invasão em área rural para acabar com a figura do "atravessador" entre produtores e consumidores. A passagem da candidata provocou um tumulto entre os feirantes, militantes do PT, PSB e PDT que acompanharam.

A candidata passou cerca de 15 minutos no local, visitou bancas de frutas. A petista ficou o tempo todo cercada por seguranças e a maior parte das vezes cumprimentou comerciantes e consumidores de longe. Em alguns momentos, Dilma deu atenção especial a cadeirantes e crianças. Segundo a Polícia Militar, mais de 1.000 pessoas estiveram no evento.

A visita provocou irritação na cúpula da campanha. O presidente do PT, José Eduardo Dutra, reclamou com os seguranças. "Eu falei que não era para entrar. Não ia dar certo", disse.

O ministro Alexandre Padilha (Relações Institucionais) minimizou. "Foi ótimo, foi ótimo", disse.

Alguns feirantes reclamaram do tumulto. "Todo domingo eu vendo R$ 23.000, e hoje eu vendi R$ 150. Foi uma desorganização total. Eu tive que expulsar militante, gente que eu nunca vi na vida de dentro da minha loja. Só espantaram meus clientes. Isso só reforçou meu voto no Serra", disse o advogado Wilian Nuves, 28, proprietário de um açougue.

Nunes bateu boca com a servidora Cecília Vitorina, 40 anos, que defendeu a presença de Dilma. "É claro que ele está certo de reclamar do prejuízo, mas ela tem o direito de visitar aqui. Agora, desse jeito, ela perdeu o tempo dela porque não teve contato nenhum com o eleitor. Fica uma imagem ruim", disse.

Após o episódio, a coordenação de campanha decidiu cancelar a caminhada que a candidata faria nesta segunda-feira no Núcleo Bandeirante, cidade-satélite de Brasília.

http://www1.folha.uol.com.br/poder/783323-dilma-provoca-serra-e-diz-que-ha-diferenca-entre-quem-faz-e-quem-fala-durante-eleicao.shtml

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