19 de mai. de 2010

Serra afaga prefeitos, critica PT e promete criar força nacional contra calamidades

Folha

da Reportagem Local

O pré-candidato do PSDB à Presidência, José Serra, foi o primeiro a ser sabatinado nesta quarta-feira por prefeitos em Brasília. Ele afagou os administradores dos municípios, criticou o PT e o governo Luiz Inácio Lula da Silva e prometeu, se eleito, criar uma "força nacional permanente contra calamidades".

Serra começou elogiando os prefeitos. Ele disse que, depois que governou uma prefeitura, passou a "compreender muito mais os problemas dos municípios e muitas das questões que foram levantadas".

"Municípios são amigos, são parceiros, não são adversários, entidades para a gente descarregar os nossos problemas. São unidades para somar à solução dos problemas."

Serra foi aplaudido pelos prefeitos ao criticar o "jogo de empurra" que, na sua opinião, prejudica os municípios. O tucano comparou os prefeitos ao filme "O Grande Ditador", em que os subordinados vão repassando as ordens do general e ninguém resolve os principais problemas da corporação.

O tucano ainda criticou a redução do FPM (Fundo de Participação dos Municípios), provocada, segundo os prefeitos, pela desoneração do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) feita pelo governo.

"É muito errado se fazer redução de impostos temporárias, e os municípios pagarem a conta, como aconteceu."

Segundo o pré-candidato, o governo faz bondades com "chapéu alheio", e agora "prefeitos estão com pires na mão em Brasília".

Serra prometeu que, se for eleito, vai ter uma "relação produtiva e respeitosa" com os prefeitos. "O governo nunca vai se meter na na organização e na eleição dos municípios", afirmou.

Ele foi contra os prefeitos apenas quando disse ser inviável a ideia de impedir que congressistas interfiram no Orçamento da União, com a apresentação de emendas.

O tucano fez críticas ao PT e ao governo federal. "O Brasil só vai dar certo se for governado para todos, não é o Brasil dos bons e dos maus."

E ainda atacou a política fiscal do governo. "Os Estados e municípios pesam no equilíbrio da responsabilidade fiscal do país."

Serra afirmou que, no Ministério da Saúde, não fez distinção de partido. "Não pedi carteirinha partidária pra ninguém."

Nas considerações finais, disse que vai ser um presidente apartidário. "Quero conclamar os prefeitos: vamos dar as mãos independente das cores partidárias. No governo federal, eu não vou ser presidente de um partido, do PSDB, mas o presidente da nação brasileira."

Pré-sal

Serra defendeu a divisão igualitária dos royalties do pré-sal entre os Estados produtores e não-produtores. "Eu sou a favor que os municípios e Estados que não têm petróleo recebam benefícios diretos da exploração do petróleo."

Para ele, a votação da emenda dos royalties do pré-sal deveria ficar para depois das eleições. "Num ano como esse, temos que deixar essa questão para ser examinada posteriormente. É um ano muito quente, vai estimular a luta fratricida."

Sobre a possível recriação da CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira), Serra diz que isso tem que ser discutido no contexto da reforma tributária, que se arrasta há anos no Congresso. "Criar ou não uma nova contribuição tem que se analisada no contexto de uma reforma tributária."

O pré-candidato defendeu a regulamentação da emenda 29, que direciona mais recursos federais para a saúde --uma das principais reivindicações dos prefeitos.

Questionado sobre os repasses da União aos municípios para programas de saúde, Serra criticou o governo federal. "Quem aumentou o gasto em saúde foram os Estados e municípios nos últimos anos, menos o governo federal", afirmou.

O tucano também alfinetou a política de isenção de IPI do governo federal, que acabou acarretando em redução de receita dos municípios. "É um mecanismo perverso", disse.

Marcha

Cerca de 4.000 prefeitos participam da Marcha Nacional em Defesa dos Municípios, que começou ontem em Brasília.

Durante a sabatina, cada pré-candidato tem uma hora para expor suas ideias e responder às perguntas. A ordem foi definida em sorteio. Depois de Serra, fala Marina. Por último, Dilma.

São três temas preestabelecidos: pacto federativo, educação e saúde.

http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u737380.shtml

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