20 de mai. de 2010

Dilma e Serra atacam defeitos dos governos FHC e Lula

Ambos prometem, se eleitos, administração apartidária

Correio Braziliense - Alana Rizzo | Ivan Iunes


Os três principais pré-candidatos à Presidência disputaram o voto de quatro mil mandatários municipais, durante a Marcha dos Prefeitos. José Serra (PSDB), Marina Silva (PV) e Dilma Rousseff (PT) fugiram de temas polêmicos como a questão dos royalties e a regulamentação da Emenda Constitucional 29, que estabelece um patamar mínimo de repasses da União e dos estados para que os municípios invistam em Saúde. Tensos, Dilma e Serra trocaram acusações de destrato aos prefeitos. Já Marina preferiu questionar a disputa de “currículos” entre o tucano e a petista. Cada presidenciável teve uma hora para apresentar propostas e responder a nove perguntas formuladas pela Confederação Nacional dos Municípios (CNM), organizadora do evento.

Saúde
Serra defendeu, sem dar detalhes, a criação do Programa de Aceleração da Saúde. O ex-ministro da Saúde cobrou mais garantias para investimentos no setor. Tudo sem onerar os municípios. Crítico da “desaceleração” no desenvolvimento da saúde no atual governo, o tucano cobrou uma gestão mais eficiente. A petista assumiu o compromisso, caso eleita, de regulamentar a emenda 29, que amplia a fatia de recursos para área. “Não sou pessoa que me presto a demagogia. Quando se trata de questões tão relevantes como a saúde da população brasileira, sabemos que houve uma perda de R$ 40 bilhões quando a CPMF foi extinta”, disse. Marina também se comprometeu com a proposta. “Não podemos fazer puxadinhos tributários e não se encarar a reforma que é o problema mais sério no país”.

Troca de farpas
Serra investiu na tese de que, se eleito, não será o “presidente de um partido” e criticou o loteamento político de cargos no atual governo. Dilma também prometeu um governo apartidário e acusou a gestão tucana de Fernando Henrique Cardoso de ter quebrado o país. “Antes, o Brasil ia quebrar e o responsável pela economia sabia, mas segurava uma situação artificial até a eleição, para depois pagar uma conta ainda mais alta”, disparou Dilma. A ex-ministra do Meio Ambiente atacou o que chama de uma campanha por disputa de currículos. “O Brasil é maior do que os nossos passados individuais, nossos currículos. O Brasil não precisa de um gerente, mas de um líder”, cutucou. Ao encarar a plateia composta por prefeitos — muitos petistas —, Marina chorou ao lembrar da saída do PT. “Não é fácil vir aqui pela primeira vez depois de 30 anos, sem ser do PT, mas eu saí do partido pelo mesmo motivo que eu entrei.”

Calamidades
A pré-candidata do PV sugeriu a criação de um sistema de alerta de catástrofes, coordenado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). “Esses efeitos não são naturais, de mudanças climáticas. Aprendamos com os nossos erros e a não dar continuidade à morte anunciada de centenas de pessoas a cada ano.” Marina e Serra atacaram a “politização” na hora de liberar recursos para calamidades públicas, em referência direta ao ex-ministro da Integração Nacional Geddel Vieira Lima, acusado pelo Tribunal de Contas da União (TCU) de direcionar verbas para a Bahia, estado onde concorre ao governo. O tucano propôs uma força nacional permanente para cuidar de catástrofes naturais. Dilma elogiou as obras de contenção e barragens feitas pelo governo federal.

Royalties
A petista foi aplaudida quando sugeriu que os prefeitos briguem também pelos royalties da mineração. Entretanto, a ex-ministra disse que o assunto é uma questão complexa e que é preciso buscar o entendimento. “Aí está o nosso passaporte para o futuro.” Marina e Serra sustentaram que ano eleitoral não é o momento adequado para discutir a divisão dos royalties do pré-sal. “Isso quebra a unidade do país e cria um clima muito ruim”, afirmou o tucano. “Os royalties devem ser investidos para nova tecnologia de baixo carbono”, sugeriu Marina.

Bastidores
Os quatro mil prefeitos que acompanharam as falas dos presidenciáveis aumentaram ainda mais o caráter já excessivamente eleitoral do encontro. Durante a fala de José Serra, uma mandatária mais exaltada chegou a gritar “Zé Serra do Brasil”. Durante a entrevista coletiva, um par de prefeitos tentava, aos berros, tirar uma foto com o candidato tucano. O intuito era apresentar o “registro” aos eleitores, como marca de influência política. Ao final da apresentação de Marina, um municipalista correu para tentar tirar uma foto com a pré-candidata verde, em vão. Sem conseguir a “relíquia”, o prefeito deu de ombros. “Pelo menos consegui a do Serra. Acho que traz mais votos.” Última presidenciável a falar para os prefeitos, Dilma Rousseff foi saudada com gritos eleitorais, como “Brasil, urgente, Dilma presidente”. Irritado, o presidente da CNM, Paulo Ziulkoski, ainda reclamou do apetite eleitoral dos colegas: “Não foi isso que combinamos. É desrespeito aos outros pré-candidatos”, alertou. A maioria nem sequer percebeu a falta de propostas efetivas dos presidenciáveis aos municípios. Valia mais a pena sair bem na foto. Com o futuro presidente ao lado.

http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia182/2010/05/20/politica,i=193458/DILMA+E+SERRA+ATACAM+DEFEITOS+DOS+GOVERNOS+FHC+E+LULA.shtml

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