10 de fev. de 2010

PT comemora 30 anos com desafio de vencer primeira eleição sem Lula como candidato

Legenda troca de direção e prepara candidatura de Dilma Rousseff à Presidência

Do R7

O PT comemora 30 anos nesta quarta-feira (10) e tem pela frente o desafio de vencer a primeira eleição presidencial sem Luiz Inácio Lula da Silva como candidato. Com a candidatura de Dilma Rousseff, ministra da Casa Civil, o partido quer “dar continuidade” ao trabalho de Lula na Presidência. E o próprio presidente vai entrar na campanha da ministra. No entanto, a cúpula do PT sabe que a tática eleitoral não pode ficar presa aos “anos Lula” e que Dilma precisa “avançar” nas propostas. A ideia é transformar a alta popularidade do presidente em votos para a ministra.

O partido também muda de mãos. O deputado Ricardo Berzoini (SP) deixa a presidência hoje e o cargo ficará nas mãos de José Eduardo Dutra. No Twitter, o deputado afirmou que tem orgulho pela “construção partidária” e deixa o comando da legenda com “sensação de dever cumprido. O deputado desejou sucesso ao novo presidente da legenda e ainda comemorou a coincidência de fazer aniversário no mesmo dia do partido – Berzoini completa 50 anos.

A escolha de Dutra representa a "volta dos que nunca foram" a postos-chave da direção, numa referência aos petistas envolvidos no escândalo do mensalão que atingiu o governo em 2005. Entre os nomes conhecidos, estão José Dirceu e os atuais deputados José Genoíno e João Paulo Cunha. A denúncia aponta que o esquema pagava propina a parlamentares para que votassem a favor de projetos do governo.

Dilma vai disputar a Presidência após oito anos de governo Lula. Desde 1989, Lula disputou todas as eleições presidenciais: 1989 (perdeu para Fernando Collor de Mello); 1994 (perdeu para Fernando Henrique Cardoso); 1998 (reeleição de FHC); 2002 (Lula venceu José Serra) e 2006 (reeleito, Lula venceu Geraldo Alckmin).

Em meio às comemorações dos 30 anos, a legenda realiza o IV Congresso Nacional do PT entre os dias 18 e 20 de fevereiro, em Brasília. No encontro, os líderes vão discutir a campanha de Dilma e devem lançá-la candidata à Presidência.

História

O PT foi oficialmente fundado no dia 10 de fevereiro de 1980, em São Paulo, mas seu reconhecimento pela Justiça eleitoral só veio em 1982. A sigla é oficialmente socialista, mas foi gestada no final da década de 70 por pessoas com ideologias tão diferentes que é difícil enquadrá-la em alguma vertente tradicional de esquerda.

Cansados do socialismo chinês e soviético, os católicos da Teologia da Libertação e intelectuais de esquerda se juntaram aos dirigentes sindicais do ABC paulista, que na época romperam com o sindicalismo tutelado pela ditadura e enfrentaram o regime militar por meio de greves. O resultado foi um socialismo democrático associado ao sindicalismo e aos movimentos sociais, como o MST (Movimento dos Trabalhadores Sem Terra).

A raiz sindical do PT ajudou o partido a se adaptar ao capitalismo quando, de fato, começou a chegar ao poder em meados da década de 80. A sigla já estava acostumada a mediar disputas entre trabalhadores e empresários.

A conquista da Prefeitura de Fortaleza, em 1985, foi duplamente comemorada pelo PT. A capital foi a primeira nas mãos do partido e a primeira a ser administrada por uma mulher no Brasil: Maria Luíza Fontenele. Três anos depois, Luíza Erundina venceu a disputa pela Prefeitura de São Paulo e o PT também levou Porto Alegre, capital que iria governar por 16 anos seguidos.

Apesar do crescimento ao longo da década de 90, a consagração do PT viria em 2002, quando o partido elegeu Lula presidente e emplacou a maior bancada de deputados federais. No ano seguinte, o partido elege João Paulo Cunha presidente da Câmara, o primeiro petista e sindicalista a chegar ao cargo.

A fase de ouro do PT foi fortemente estremecida em 2005, quando membros importantes do partido foram incluídos na denúncia do mensalão, suposto esquema de pagamento de propina a parlamentares. O escândalo derrubou o então braço-direito de Lula, o ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, provocou a renúncia do deputado José Genuíno (SP) da Presidência do PT e a licença de vários caciques da cúpula do partido.

Apesar do escândalo, a imagem do presidente Lula continuou em alta, o que permitiu sua reeleição em 2006.

http://noticias.r7.com/brasil/noticias/pt-comemora-30-anos-com-desafio-de-vencer-primeira-eleicao-sem-lula-como-candidato-20100210.html

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