25 de set. de 2009

PT e PSB entram em rota de colisão no DF

A aliança entre PT e PSB que já estava acertada para as próximas eleições começou a virar pó. Um dos motivos é a possível candidatura à Presidência da República do deputado Ciro Gomes (PSB-CE) contra a petista Dilma Rousseff. Na disputa pelo Palácio do Planalto, o socialista precisa conquistar palanques regionais que fortaleçam suas pretensões no próximo ano. Como o ex-ministro do Esporte Agnelo Queiroz (PT), provável concorrente do partido ao Governo do Distrito Federal, vai pedir votos para a candidata petista à sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Ciro Gomes deverá buscar um aliado na capital federal.

"Para nós, o jogo está zerado. Com a candidatura anunciada de Magela, não há mais acordo%u201D - Rodrigo Rollemberg, deputado federal

Outro fator tem contribuído para uma separação entre PT e PSB. As direções regionais das duas legendas haviam fechado um acordo para caminharem juntas até as eleições. Mas para o deputado Rodrigo Rollemberg (PSB-DF) esse entendimento não vale mais na medida em que o PT não poderá oferecer as duas vagas ao Senado e a de vice-governador para a livre escolha do PSB. O PT deverá lançar o deputado Geraldo Magela candidato a senador, como contrapartida pela desistência do petista à corrida ao GDF.

O parlamentar petista já avisou a vários colegas de seu grupo político que está disposto a deixar o embate com Agnelo e se colocar como opção para a disputa pelo mandato de oito anos. “Para nós, o jogo está zerado. Discutimos que Agnelo seria o candidato ao governo, mas o PSB poderia lançar um nome para o Senado. Com a candidatura anunciada de Magela, não há mais acordo”, afirmou Rollemberg. O presidente regional do PT, Chico Vigilante, avalia que Rollemberg está, na verdade, buscando um motivo para anunciar um caminho alternativo no Distrito Federal por conta dos interesses nacionais voltados à campanha de Ciro Gomes. “Para nós, o acordo continua valendo, até porque são duas vagas ao Senado. Mas sabemos que com a candidatura de Ciro Gomes à Presidência, nosso acerto eleitoral perde muito o sentido”, disse Vigilante.

Aproximação

Embora o PSB apoie o Palácio do Planalto, a candidatura de Ciro Gomes tem crescido como uma alternativa a Dilma na base do governo. Rollemberg é um dos entusiastas desse cenário. Como forma de ajudar a construir um palanque para o correligionário no Distrito Federal, ele prometeu aproximar Ciro do ex-governador Joaquim Roriz (sem partido), que pretende concorrer novamente ao GDF. O encontro será em breve. A análise é de que Dilma terá o apoio do PT local e o candidato tucano — o governador de São Paulo, José Serra, ou o de Minas Gerais, Aécio Neves — receberá a ajuda do governador José Roberto Arruda (DEM) — embora ele já tenha confidenciado a representantes do Palácio do Planalto que não fará campanha dura contra Dilma.

A petista terá ainda como aliado o senador Gim Argello (PTB) que já se coloca como candidato ao GDF e tem mantido uma ótima relação com o núcleo de poder do governo Lula. Dessa forma, Roriz é um dos poucos pré-candidatos ao GDF que ainda está aberto a aliados nacionais. Uma filiação do ex-governador do DF no PSB, conforme já se cogitou, é descartada, mas uma coligação com a legenda que abrigar Roriz não é impossível.

O afastamento do PT e PSB pode levar a um isolamento dos petistas, que já cogitam, inclusive, lançamento de uma chapa puro-sangue com candidatos apenas filiados ao partido nas próximas eleições. “A chapa pura pode sair. Não é uma situação impossível”, disse Vigilante. Nesse quadro, o PCdoB, que sempre fez dobradinha com o PT, poderá se coligar com o PSB.

Um outro problema para as coligações é a crise entre o Palácio do Planalto e o senador Cristovam Buarque (PDT-DF). Segundo relato de pedetistas, o presidente Lula pediu ao ministro do Trabalho, Carlos Lupi, presidente informal do PDT, que negue legenda para a candidatura à reeleição de Cristovam. O comando do governo está incomodado com a postura do senador do Distrito Federal, que tem adotado perfil independente e teve destaque na crise do Senado, com comportamento crítico em relação à permanência de José Sarney (PMDB-AP) na Presidência da Casa. Para petistas, está claro que Lula quer eleger um senador na capital do país e esse nome não é Cristovam Buarque. Por isso, a expectativa é de que o presidente da República colabore na eleição de um candidato petista.
 
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