Folha
SILVIO NAVARRO
DE SÃO PAULO
Com apoio quase irrestrito no meio sindical, a candidata à Presidência Dilma Rousseff (PT) desagradou às centrais sindicais ao tergiversar no debate da Band sobre a redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais.
A declaração da petista foi debatida internamente pelas principais centrais no final de semana. A conclusão foi que Dilma será pressionada nas próximas agendas com trabalhadores a se manifestar sobre o tema.
A primeira oportunidade será no dia 17, em encontro com mulheres sindicalistas. O evento é organizado pela CTB (Central dos Trabalhadores do Brasil), em parceria com CGTB, CUT, Força Sindical, Nova Central e UGT.
A diminuição da jornada é a maior bandeira da classe em tramitação no Congresso.
Provocada por Plínio de Arruda Sampaio (PSOL) na TV, a petista evitou se posicionar: "Não é papel do governo substituir o movimento social e determinar qual é a jornada de trabalho que esse ou aquele setor deve ter".
"O Brasil é composto por milhões de situações diferentes e por milhares de empresas diferenciadas", afirmou.
CRÍTICAS DAS CENTRAIS
Até agora, ela não atendeu ao pedido para receber a "Agenda da Classe Trabalhadora", documento formulado no evento de 1º de junho, no estádio do Pacaembu.
A Força, que reúne a militância do PDT, foi a primeira a disparar: "Causa constrangimento a posição dela ser a mesma usada pelo presidente da CNI [Confederação Nacional da Indústria] no Congresso", reclamou o secretário-geral da central, João Carlos Gonçalves.
"Estávamos vendo o debate e de repente ficamos um olhando para a cara do outro. Gerou desconforto", disse Sérgio Leite, presidente da Federação dos Trabalhadores nas Indústrias Químicas e Farmacêuticas paulistas.
"Posição favorável dela ajudaria muito. Isso vai desprender muita pressão", disse Wagner Gomes, da CTB.
Ligada ao PT, a CUT foi a única a minimizar o dilema. "O que esperamos dela é o trabalho de mobilizar a base no Congresso quando for eleita. É um tema do Congresso", disse o presidente da CUT, Arthur Henrique.
http://www1.folha.uol.com.br/poder/780484-fala-de-dilma-em-debate-gera-critica-de-sindicalistas.shtml
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