GABRIELA GUERREIRO
da Folha Online, em Brasília
O presidente licenciado do PMDB, Michel Temer (SP), confirmou nesta quinta-feira a antecipação da convenção nacional do partido que vai escolher o novo presidente da legenda. Temer disse que a mudança não tem ligação com a decisão do PMDB de indicá-lo para a vice-presidência na chapa da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) ao Palácio do Planalto --uma vez que, segundo ele, o partido tem "muitos nomes" para a vaga.
Ontem à noite, em jantar, a cúpula do PMDB decidiu antecipar de 10 de março para o dia 6 de fevereiro a convenção da legenda que vai escolher o novo presidente do PMDB. A mudança seria uma tentativa de fortalecer o nome de Temer para a vice, apesar da negativa do presidente da Câmara dos Deputados.
"A matéria referente à candidatura à vice-presidência não foi tema de apreciação. Ela só será discutida quando consolidar-se a aliança eleitoral, sendo certo que o PMDB possui inúmeros nomes capazes de ocupar essa vaga, o que será objeto de futuras conversações", disse.
Segundo Temer, o foco do jantar foi discutir a mudança na data da convenção. "[No jantar] Discutiu-se a realização de convenção nacional, que deverá dar-se obrigatoriamente até o mês de março. Foi definido, por unanimidade, o dia 6 de fevereiro para realização do encontro. Analisou-se também o cenário político peemedebista nos Estados brasileiros. Só", afirmou.
Interlocutores do PMDB afirmam que Temer, licenciado da presidência do PMDB, vai disputar a reeleição para mostrar que, com o apoio dos colegas, tem força dentro do partido para se lançar à vice-presidência.
A reeleição de Temer para comandar o partido integra a estratégia dos peemedebistas de garantir a sua indicação na chapa de Dilma. A expectativa é que Temer, depois de eleito presidente do PMDB, peça afastamento do cargo para se dedicar integralmente à campanha presidencial.
A antecipação das eleições seria a maneira de acelerar a composição da chapa com Dilma, antes que o PT comece a flertar com outras legendas aliadas.
Os peemedebistas temem, por exemplo, que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva consiga convencer o deputado Ciro Gomes (PSB-CE) a integrar uma chapa com Dilma --o que tiraria o partido da aliança.
O grupo ainda está preocupado com impasses regionais que poderiam inviabilizar a chapa, já que em muitos Estados não há possibilidade da coligação nacional se repetir em nível estadual.
A decisão de antecipar a escolha do presidente da legenda foi referendada por Temer, Sarney, Renan e o restante da cúpula do partido: o ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima (pré-candidato ao governo da Bahia), e o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles (filiado no ano passado), entre outros caciques.
O ministro Hélio Costa (Comunicações) e o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), se ausentaram do jantar porque estão fora de Brasília.
Divisão
Atualmente, o PMDB é dividido em três grupos. A cúpula do partido, chefiada por Temer e pelos senadores José Sarney (PMDB-AP) e Renan Calheiros (PMDB-AL), defende a chapa com o PT.
Outro grupo, que tem à frente o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), defende a aliança com o PSDB este ano.
Por fim, há um grupo favorável à candidatura própria à Presidência da República, que lançou o governador do Paraná, Roberto Requião (PMDB), como pré-candidato dentro do partido.
Em meio à divisão, a cúpula insiste que tem maioria para aprovar dentro da legenda a aliança com o PT. O núcleo peemedebista, porém, ficou irritado com o recado do presidente Lula, que chegou a pedir para o partido indicar três nomes para que o PT escolhesse quem seria o vice da ministra.
Diante do mal-estar, Lula recuou na proposta, enquanto os peemedebistas enfatizam que o nome oficial da legenda para a chapa é o de Temer.
http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u682678.shtml
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