11 de jan. de 2010

Para impulsionar campanha de Dilma, governo gasta mais com energia do que com educação e saúde

Roteiro de inaugurações privilegia a construção de um discurso de gestora eficiente

Correio Braziliense - Denise Rothenburg | Ricardo Brito

O governo se prepara para tentar transformar a área de energia no grande portfólio de campanha presidencial da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff. Para isso, o setor aparece em 2010 com um total de R$ 94,6 bilhões, incluindo os investimentos da Petrobras e da Eletrobrás. O valor é superior ao da Saúde, R$ 66,9 bilhões, e ao da Educação, R$ 50,9 bilhões. Perde apenas para a Previdência Social, R$ 250,4 bilhões, segundo dados disponíveis na consultoria de Orçamento da Câmara.

A intenção do governo é dar aos brasileiros neste ano a sensação de que, na área de origem da ministra Dilma, as obras deslancharam. Parlamentares que participam diretamente do planejamento das ações governamentais com vistas a 2010 disseram que a ordem é jogar luz sobre esse setor para dar discurso de gestora eficiente num tema sobre o qual Dilma discorre com toda a segurança, sem muitos perigos de tropeços no debate — apesar dos apagões de energia, um nacional em novembro e outro na última sexta-feira, que atingiu Rondônia e Acre.

A aposta nesse sentido será colocada em prática logo na primeira semana de trabalho de Lula. Na sexta-feira, ele e Dilma estarão no Maranhão, terra do ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, para lançamento das obras da refinaria do estado, a única não incluída na lista de obras irregulares com recursos bloqueados em 2010.

Assim que o Congresso retomar as atividades, os líderes do governo já estão orientados a mobilizar a base na Comissão Mista de Orçamento para desbloquear os recursos para as refinarias de Abreu e Lima, em Pernambuco, para o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) e, ainda, para as obras de modernização da refinaria Getúlio Vargas, em Araucária (PR).

Paralelamente ao setor energético e petroquímico, o governo quer todo o foco no setor rodoviário. Para isso, no fim do ano, o Ministério dos Transportes recebeu R$ 1,5 bilhão para pagamento de trechos de rodovias, e, assim, forçar a aceleração dos serviços neste início de 2010. A avaliação geral é a de que essas obras rodoviárias, em especial, a duplicação da BR-101, que corta o litoral brasileiro, e a BR-116, um dos principais corredores de carga do Brasil, dão visibilidade às ações governamentais e também ajudam a incrementar a sensação de que tudo funciona.

Dor de cabeça
Enquanto Dilma visitará as obras por todo o país conquistando imagens para seu horário eleitoral gratuito a partir de agosto, os aliados tratam de neutralizar alguns setores que, em tese, podem dar dor de cabeça no meio da campanha. Para o funcionalismo, por exemplo, além dos planos de carreira em curso no Congresso, o relator do Orçamento, deputado Geraldo Magela (PT-DF), sugeriu e o governo acatou o aumento do tíquete-alimentação dos 540 mil servidores em mais de 100% na média. A correção renderá benefícios de até R$ 330 por mês — a medida terá um impacto de quase R$ 1 bilhão.

OS NÚMEROS

R$ 94,6 bilhões - Quantidade de recursos previstos pelo governo federal para aplicar na área de energia em 2010

R$ 1,5 bilhão - Investimento previsto no setor rodoviário, outra das prioridades do Executivo em 2010

http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia182/2010/01/11/politica,i=165678/PARA+IMPULSIONAR+CAMPANHA+DE+DILMA+GOVERNO+GASTA+MAIS+COM+ENERGIA+DO+QUE+COM+EDUCACAO+E+SAUDE.shtml

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